Na quarta-feira (25/06) um estudo publicado na revista científica, The Lancet Global Health, apontou que o número de pessoas que sofrerão de perda de visão devido à degeneração macular relacionada à idade (DMRI) quase triplicará de 8,1 milhões, em 2021, para 21,3 milhões até 2050.
Ainda que o número de pessoas com DMRI esteja aumentando, os dados revelam que a taxa da doença padronizada por idade, uma técnica estatística usada para explicar as mudanças na estrutura populacional ao longo do tempo, diminuiu cerca de 5,53% na população entre 1990 e 2021. Passando de 99,5 casos por 100 mil pessoas em 1990, para 94 por 100 mil pessoas em 2021. O aumento sugere que a maioria dos casos pode estar relacionado ao envelhecimento e crescimento da população.
ENTENDA
A degeneração macular é uma doença degenerativa que afeta a mácula, a região do olho responsável pela visão central. Os principais fatores de risco são a idade (a partir de 50 anos) e predisposição genética ou história familiar.
Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Mauro Goldbaum, essa é a principal causa de perda de visão na população com mais de 50 anos em países desenvolvidos.
Existem dois tipos de DMRI: a seca e a úmida. O especialista explicou que a doença começa com a forma seca, que é menos agressiva, mas aproximadamente 10% dos pacientes vão converter para a forma úmida. "A partir dai há o crescimento de vasos anômalos e vazamento de parte do sangue para a mácula", explica Goldbaum. "Na forma úmida, há uma degeneração da mácula mais rápida e intensa com diminuição súbita da visão central", completou.
Dados do Global Burden of Diseases, Injuries and Risk Factores (GBD 2021) foram usados para realizar o estudo. O objetivo era fornecer a estimativa mais atualizada da prevalência global de deficiência visual devido à DMRI. O trabalho sugere também que a diminuição na taxa padronizada por idade de DMRI de 1990 a 2021 pode ser parcialmente devido à redução do uso global de tabaco, potencialmente devido em parte à implementação da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Controle do Tabaco.
É POSSIVEL EVITAR?
Os autores explicam que, apesar do trabalho demonstrar que a deficiência visual relacionada à DMRI continua sendo um problema de saúde global, ele reforça o importante papel da melhoria do acesso à saúde e da redução do impacto do tabaco, que contribuíram para a redução das taxas de pessoas com a doença entre 1990 e 2021.
Para os pesquisadores, a introdução de tratamentos e diagnósticos econômicos, especialmente em países de baixa e média renda, juntamente com a regulamentação do tabaco, pode diminuir significativamente a carga global de deficiência visual relacionada à DMRI.