A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma doença de origem genética, atingindo entre 5 e 10% das mulheres brasileiras e caracteriza-se por uma série de sintomas causados por alterações hormonais. A síndrome é considerada a doença endócrina mais comum nas mulheres em idade reprodutiva. Estima-se, no entanto, que boa parte das mulheres afetadas pode permanecer sem diagnóstico.
Os ovários são dois órgãos localizados um de cada lado do útero, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos. De acordo com o ginecologista Anatole Borges, o termo ovário policístico é utilizado pelos pacientes para se referir na realidade a uma síndrome, portanto um conjunto de alterações, sendo que uma delas pode ser a presença de múltiplos cistos nos ovários. “A síndrome dos ovários policísticos - SOP - corresponde na realidade a presença de hiperandrogenismo, ou seja, de características masculinas excessivas nas mulheres, associado a dificuldade de ovular. Na grande maioria das vezes quando isso acontece, podemos observar também nos ovários a presença de múltiplos cistos neles”, explica.
Segundo o médico, não se sabe ao certo o que pode causar a síndrome dos ovários policísticos. As causas poderiam estar relacionadas a múltiplos fatores envolvidos, como por exemplo: fatores genéticos, fatores endócrinos, alterações do metabolismo de gorduras, a resistência à insulina e até mesmo o diabetes tipo II, além de hábitos de vida e alimentares.
A síndrome dos ovários policísticos, quando presente, pode trazer uma série de repercussões para a mulher. “Em geral, as pacientes com SOP tendem a obesidade, com acúmulo de gordura, além de apresentarem distúrbios metabólicos que podem evoluir da resistência à insulina até mesmo a diabetes tipo II. Do ponto de vista estético, apresentam mais seborreia, tendência a acne e presença de pêlos excessivos no corpo. Por fim do ponto de vista reprodutivo, apresentam a chamada disovulia, ou seja, a dificuldade de ovular, podendo portanto trazer infertilidade” afirma o especialista.
Anatole ressalta que o tratamento da síndrome é multidisciplinar e varia conforme o desejo reprodutivo da mulher. “Em geral, as pacientes precisam ter um cuidado melhor com a alimentação, evitar muitas gorduras e carboidratos, buscar a prática de atividade física e a perda de peso é fundamental”, afirma.
Para as que não pretendem engravidar o uso de medicamentos hormonais contraceptivos deve ser considerada. “Já para as que desejam engravidar, o uso de indutores de ovulação é o melhor caminho, mas sempre deve ter o acompanhamento médico ultrassonográfico, já que essas pacientes tem um risco maior de hiper estímulo ovariano” conclui Borges.