Nesta terça-feira (11), o Conselho Federal de Medicina (CMF) anunciou a proibição de prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes para fins estéticos e de performance. A decisão foi tomada após seis sociedades médicas divulgaram uma carta conjunta pedindo para que o CFM regulamentasse a medida, alertando sobre as evidências científicas atuais e os problemas de saúde relacionados ao uso indiscriminado das drogas.
Mas o que são os anabolizantes, quais os riscos de seu uso indiscriminado e quando (em alguns casos clínicos) eles são indicados? Os esteróides anabolizantes são drogas, administradas principalmente por via oral ou injetável, que se assemelham à testosterona ou outros andrógenos (hormônios masculinos produzidos nos testículos). Por isso, também são chamados de esteróides androgênicos e anabolizantes (EAA). Em certos casos, como de pessoas com hipogonadismo masculino (um problema na produção da testosterona) e aquelas com certos tipos de câncer de mama, esses medicamentos costumam ser prescritos. No entanto, os esteróides anabolizantes também são indevidamente utilizados com finalidade estética, para ganho de massa muscular, uma prática que não tem comprovação científica e está associada a diversos riscos.
A hipertrofia muscular (o aumento de tamanho dos músculos) acontece porque os anabolizantes promovem o crescimento celular e a sua divisão, que leva ao consequente aumento no tamanho do músculo. Porém essa prática, traz diversos riscos de saúde potencialmente graves, incluindo lesões hepáticas, que podem ser fatais. "O grande problema é que, para fins estéticos, essas substâncias costumam ser utilizadas em altas doses e têm uma procedência duvidosa na sua fabricação", explica Sergio Pessoa, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, uma das entidades que assinou a carta ao CFM.
Ainda de acordo com a legislação brasileira, esses medicamentos estão sob controle especial e só podem ser vendidos em farmácias e drogarias mediante receita médica. Em nota publicada nesta terça-feira, o CFM destacou ainda que nao existem estudos clínicos "de boa qualidade metodológica" que demonstrem a magnitude dos riscos associados ao uso das drogas em níveis acima dos fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres.
“O uso indiscriminado de terapias hormonais com EAA, incluindo a gestrinona, com objetivos estéticos ou para o ganho de desempenho esportivo, é hoje uma preocupação crescente na medicina e para a saúde pública, uma vez que, de acordo com as mais recentes evidências científicas, não existem benefícios notórios que justifiquem o aumento exponencial do risco de danos possivelmente permanentes ao corpo humano em diferentes órgãos e sistemas com sua utilização”, disse a relatora e conselheira federal da entidade, Annelise Menegusso.
Riscos
De forma geral, diversos problemas de saúde estão associados ao uso indevido de anabolizantes. Segundo o Ministério da Saúde, os principais efeitos adversos são:
tremores;
acne severa;
retenção de líquidos;
dores nas juntas;
aumento da pressão sanguínea;
tumores no fígado e pâncreas;
alterações nos níveis de coagulação sanguínea e de colesterol;
aumento da agressividade, que pode resultar em comportamentos violentos, às vezes, de consequências trágicas.
Entre homens:
redução na quantidade de esperma;
calvície;
crescimento irreversível das mamas (ginecomastia);
impotência sexual.
Entre as mulheres:
engrossamento da voz;
crescimento de pelos no rosto e no corpo;
redução dos seios;
irregularidade ou interrupção das menstruações.