Um estudo apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, realizado durante seis anos, associou possíveis conexões entre a digestão e a demência. A análise aponta que um dos indicadores da doença de Alzheimer pode não estar na mente, mas sim no intestino.
Um dos principais fatores dado os resultados é a constipação – especificamente, movimentos intestinais a cada três dias – que pode ser um indicador de risco para a demência. Para os especialistas, há uma relação direta entre a constipação crônica e um declínio na função cognitiva que era equivalente a três anos de envelhecimento.
Com base na análise realizada durante seis anos, 73% dos casos que mostraram um déficit cognitivo estavam ligados a quadro de constipação. O que levou os especialistas a relacionar que problemas intestinais regulares podem ser um dos marcadores ocultos de doenças degenerativas.
Ir mais vezes ao banheiro também pode estar associado
A ligação da demência e intestino não se limitou apenas à constipação, pois os cientistas também descobriram um risco ligeiramente maior de demência em pessoas que evacuaram mais de duas vezes por dia. A pesquisa associou a presença reduzida de bactérias produtoras do ácido graxo butirato e de fibras alimentares à constipação e, consequentemente, ao declínio cognitivo.
“Quando um sistema está com defeito, ele afeta outros sistemas. Quando essa disfunção não é tratada, pode criar uma cascata de consequências para o resto do corpo”, disse Heather M. Snyder, vice-presidente de relações médicas e científicas da Alzheimer’s Association.
O que foi possível concluir?
Para os especialistas, as descobertas dizem muito sobre as conexões entre o intestino e o cérebro. “Essas descobertas começam a revelar conexões mais específicas entre nosso intestino e nosso cérebro. Acreditamos que a redução de certas bactérias identificadas pode aumentar a permeabilidade intestinal e o transporte de metabólitos tóxicos no cérebro, aumentando assim a deposição de beta-amilóide e tau”, afirmou Yannick Wadop pós-doutorando no Instituto Glenn Biggs para Alzheimer e Doenças Neurodegenerativas da UT Health San Antonio.
Outros fatores de risco para Alzheimer
Segundo especialistas do Centro da Memória, estudos recentes identificaram fatores de risco potencialmente modificáveis, não somente para o Alzheimer, mas também para todas as demências. São eles:
- Baixa escolaridade formal;
- Perda auditiva;
- Fatores relacionados a doenças vasculares, como hipertensão arterial, obesidade, diabetes, sedentarismo e tabagismo;
- Consumo excessivo de álcool;
- Traumatismo cranioencefálico;
- Isolamento social;
- Poluição ambiental.