Urinar no chuveiro, especialmente em casa, é uma prática comum que a maioria das pessoas adota. Curiosamente, esta questão parece ser tópico de debate e controvérsia e nem todos se sentem à vontade para discutir. Algumas pessoas veem o ato de urinar durante o banho como algo inofensivo, ecológico e mais eficiente de usar a água, enquanto outras o veem como insalubre e anti-higiênico. É o caso da fisioterapeuta com doutorado em fisioterapia e especialização em assoalho pélvico, Alicia Jeffrey-Thomas.
A profissional, que conta com mais de 400.000 seguidores em seu perfil no TikTok, apontou duas razões principais pelas quais essa prática não é saudável. De acordo com a especialista, os humanos são condicionados a associar o som da água corrente com a necessidade de urinar. Para pessoas que sofrem de disfunção do assoalho pélvico, um problema no controle da bexiga, o hábito de urinar no chuveiro pode desencadear escapes de urina causados pelo som da água corrente.
O hábito da associação pode fazer com que a pessoa sinta vontade de urinar apenas ao abrir a torneira, o que pode ser apenas um incômodo para alguns, mas para aqueles com disfunção do assoalho pélvico, pode contribuir para a incontinência de urgência. Além disso, a especialista também ressaltou que a anatomia das pessoas com vagina não é adequada para urinar em pé.
Nessa posição, os músculos pélvicos não conseguem relaxar completamente, resultando em um nível inferior de suporte para a bexiga. Isso pode levar a problemas a longo prazo, pois o assoalho pélvico geralmente permanece contraído em pé para manter a continência. Segundo Alicia Jeffrey-Thomas, urinar nessas posições requer contornar os mecanismos normais de continência, o que pode ter consequências negativas para a saúde.
A urina transmite doenças?
Apesar de a urina de pessoas doentes poder conter germes, não há casos descritos de transmissão direta de infecções de uma pessoa a outra através da urina. Por exemplo, não se pega HIV, herpes, sífilis, gonorreia, clamidia nem qualquer outra doença sexualmente transmissível através da urina. O mesmo se aplica à infecção urinária, que não é uma infecção contagiosa. Ninguém pega infecção urinária em banheiro público.
Poucas são as doenças transmitidas pela urina. Alguns exemplos são a citomegalovirose e a febre tifóide, mas a contaminação acontece com o consumo oral de água contaminada e não pelo contato da urina com a pele em um banheiro público, por exemplo. A leptospirose é a principal doença que pode ser transmitida pelo contato da urina com a pele, porém, isso só ocorre com a urina de animais infectados, como ratos, não com a urina humana.