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Estudo revela que dietas baseadas em vegetais podem garantir envelhecimento saudável

A pesquisa também levou em conta a ingestão de alimentos ultraprocessados, geralmente ricos em ingredientes artificiais, açúcares adicionados, sódio e gorduras prejudiciais à saúde.

Cerca de 9,3% da amostra — foram classificadas como indivíduos que envelheceram com saúde. | Foto: Reprodução - Canva-Rawpixel Ltd - Bons Fluidos
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Adotar uma alimentação rica em vegetais, com consumo moderado de alimentos saudáveis de origem animal e baixa ingestão de produtos ultraprocessados, está diretamente ligado a um envelhecimento saudável — ou seja, chegar aos 70 anos livre de doenças crônicas e com boa saúde física, cognitiva e mental.

Essa é a principal conclusão de um amplo estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Harvard (EUA), Copenhague (Dinamarca) e Montreal (Canadá), que acompanharam mais de 105 mil adultos de meia-idade ao longo de três décadas.

A pesquisa é uma das primeiras a investigar a relação entre padrões alimentares e o envelhecimento saudável de forma tão abrangente. Os cientistas destacam que não há uma única dieta ideal para todos, mas sim diferentes padrões que favorecem a saúde de maneira geral.

Os dados analisados foram coletados por meio do Estudo sobre a Saúde dos Enfermeiros e do Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde, que monitoraram homens e mulheres entre 39 e 69 anos durante 30 anos. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Medicine.

Novos estudos

Um ponto de atenção é que a amostra da pesquisa foi composta apenas por profissionais de saúde, o que pode limitar a generalização dos resultados. Por isso, os autores sugerem que novos estudos sejam realizados com grupos mais diversos, incluindo diferentes origens étnicas e contextos socioeconômicos.

Ao longo do tempo, os participantes relataram seus hábitos alimentares, sendo avaliados conforme o nível de adesão a oito padrões reconhecidos de alimentação saudável. Entre eles estão o Índice de Alimentação Saudável Alternativa, a dieta Mediterrânea Alternativa, a DASH, e outros focados em prevenção de doenças e saúde planetária.

Esses padrões priorizam o consumo elevado de frutas, verduras, grãos integrais, gorduras insaturadas, castanhas e legumes. Alguns também permitem quantidades moderadas de alimentos de origem animal, como peixes e certos laticínios.

A pesquisa também levou em conta a ingestão de alimentos ultraprocessados, geralmente ricos em ingredientes artificiais, açúcares adicionados, sódio e gorduras prejudiciais à saúde.

Ao final do período de estudo, 9.771 pessoas — cerca de 9,3% da amostra — foram classificadas como indivíduos que envelheceram com saúde. Esses participantes apresentaram melhor desempenho físico, cognitivo e mental.

Entre os padrões alimentares analisados, a Alimentação Saudável Alternativa se destacou. Desenvolvida para prevenir doenças crônicas, essa dieta aumentou em 86% a probabilidade de os participantes chegarem aos 70 anos com saúde, e em 2,2 vezes a chance de atingirem os 75 anos com boa qualidade de vida. Ela é composta por alimentos integrais, frutas, verduras, castanhas e gorduras saudáveis, com pouca ingestão de carnes vermelhas, produtos processados, sódio e bebidas açucaradas.

Outro modelo de destaque foi o Índice de Dieta de Saúde Planetária, que além de priorizar a saúde humana, considera também os impactos ambientais. Essa abordagem sugere uma base alimentar vegetal, com mínimo consumo de produtos de origem animal.

Independentemente do padrão seguido, os dados indicam que a ingestão frequente de alimentos ultraprocessados — especialmente carnes processadas e refrigerantes, mesmo os dietéticos — foi associada a uma menor probabilidade de envelhecer com saúde.

“Esses resultados mostram que padrões alimentares ricos em vegetais e com moderação no consumo de produtos animais saudáveis podem favorecer um envelhecimento saudável e embasar futuras diretrizes nutricionais”, afirmou Marta Guasch-Ferré, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade de Copenhague.

A autora principal da pesquisa, Anne-Julie Tessier, da Universidade de Montreal, reforça: “Não existe uma dieta única que funcione para todos. Dietas saudáveis devem ser adaptadas às preferências e necessidades individuais.”

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