Um novo estudo feito por pesquisadores japoneses identificou um tipo de tratamento que pode ser uma grande luz no fim do túnel para quem enfrenta a endometriose. Os cientistas da Universidade de Nagoya afirmam que um determinado grupo de bactérias pode estar vinculado à doença e, com isso, o tratamento com antibióticos pode ser eficaz. Atualmente, 8 milhões de mulheres sofrem com a condição no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
O que é a endometriose?
Antes de se aprofundar em detalhes sobre o estudo revelador, entenda a seguir o que é a doença e como ela funciona. A endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Ela acontece quando o tecido da camada interna do útero – que sai na menstruação –começa a crescer fora dele. A médica ginecologista Carolina Ambrogini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que esse tecido uterino fora do útero funciona como se fosse uma cola em outros órgãos da mulher.
"Ele funciona como se fosse uma cola, gera aderência dos órgãos pélvicos e, toda vez que a mulher menstrua, esses focos de endometriose descamam, virando dor. Pode grudar no intestino, na parede vaginal, na bexiga, e pode gerar infertilidade, porque ele pode obstruir as tubas uterinas. Isso é uma das consequências", explica. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos de endometriose levam à infertilidade. Com os tratamentos disponíveis hoje, entretanto, é possível que uma mulher com endometriose engravide e leve a gestação até o final ou engravide espontaneamente, de acordo com a associação.
Detalhes do estudo
Segundo o portal "SIC Notícias", os cientistas fizeram um estudo com 155 mulheres no Japão e encontraram bactérias da classe Fusobacterium no útero de 64% das que tinham endometriose e 7% das que não tinham. O estudo também envolveu experiências com ratos de laboratório, que foram infectados com as bactérias. O experimento mostrou que o uso de antibióticos poderia reduzir o tamanho e a frequência das lesões relacionadas à doença. Os responsáveis pelo estudo ressaltam que ainda precisam fazer outras experiências para confirmar a descoberta, que foi publicada na revista científica Science Translational Medicine.
Quais os sintomas da endometriose?
Os sintomas são variados, mas o principal é a cólica menstrual que não melhora com medicações clássicas. "É uma cólica incapacitante, que não melhora com bolsinha de água morna, que tira a mulher das suas atividades diárias", alerta a ginecologista Helizabeth Salomão, vice-presidente da Associação Brasileira de Endometriose. “Podemos encontrar desde pacientes assintomáticas a até quadros de dor pélvica intensa, dismenorreia progressiva (cólica menstrual), dispareunia (dor durante ou após a relação sexual), sintomas decorrentes de lesões em órgãos não reprodutivos, tais como bexiga e intestino, e infertilidade”, completa Julio Cesar Rosa e Silva, ginecologista e presidente da comissão especializada em endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Segundo o ginecologista Tomyo Arazawa, as pacientes com a doença costumam sofrer com as dores por muitos anos, inclusive desde as primeiras menstruações. "As pacientes podem começar a sentir dor também na região do reto, na evacuação, dor na região da bexiga, além de dores pélvicas. Tem pacientes que sentem dores pélvicas até diárias por conta de uma endometriose não diagnosticada e também não tratadas", explica.
Veja os sintomas mais comuns:
- Cólica menstrual incapacitante
- Dor pélvica
- Dor na relação sexual (no momento da relação ou depois)
- Alterações intestinais no período menstrual (diarreia, sangue nas fezes, dor para evacuar)
- Alterações urinárias no período menstrual
- Infertilidade
Endometriose tem cura?
Por se tratar de uma doença crônica, não há cura. Entretanto, a recomendação de especialistas é procurar um ginecologista especializado em endometriose se apresentar fortes cólicas. O médico deve fazer exame clínico minucioso e exames de imagem para fazer o diagnóstico. Atualmente, o tratamento mais convencional envolve o uso contínuo da pílula anticoncepcional ou do DIU medicado para fazer o bloqueio hormonal. Para casos graves, especialistas recomendam cirurgias para tratar as lesões ou mesmo retirar o útero e os ovários.