Alimentos ultraprocessados, como nuggets de frango, sorvetes e cereais matinais, têm sido associados a problemas de saúde e aumento do risco de morte precoce, segundo pesquisadores da França e da Espanha. O consumo desses produtos cresceu consideravelmente nos últimos anos, o que tem levantado preocupações entre os cientistas.
Embora os estudos recentes não ofereçam uma confirmação definitiva dos malefícios, eles reforçam evidências anteriores que sugerem que esse tipo de alimento estimula o consumo exagerado. Especialistas destacam que ainda é preciso investigar mais profundamente a relação entre os ultraprocessados e os riscos à saúde, mas reconhecem que os dados são preocupantes.
O que os estudos revelaram?
O primeiro estudo, conduzido pela Universidade de Navarra, na Espanha, acompanhou 19.899 participantes ao longo de dez anos, com avaliações alimentares a cada dois anos. Durante esse período, foram registradas 335 mortes. Entre as pessoas que consumiam menos alimentos ultraprocessados, foram observadas 10 mortes para cada grupo analisado; já entre aquelas que ingeriam mais de quatro porções por dia desses produtos, o número subiu para 16 mortes.
O segundo estudo, realizado pela Universidade de Paris, analisou a dieta de 105.159 indivíduos ao longo de cinco anos, com duas avaliações anuais. Os resultados mostraram que o grupo que consumia mais alimentos ultraprocessados apresentava uma pior saúde cardiovascular. A taxa de doenças cardíacas foi de 277 casos por 100 mil pessoas por ano entre os que mais ingeriam esses alimentos, contra 242 casos por 100 mil entre os que consumiam em menor quantidade.
Então esses alimentos fazem mal à saúde?
"[As] evidências estão se acumulando", disse a Dra. Touvier, observando "um número crescente de estudos independentes". A Profa. Bes-Rastrollo afirmou ter "muita certeza" de que alimentos ultraprocessados são prejudiciais à saúde. No ano passado, foi feita uma ligação com um risco aumentado de câncer .
O principal obstáculo é alcançar uma certeza absoluta. As pesquisas revelaram uma relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o surgimento de problemas de saúde, mas isso não comprova que esses alimentos sejam a causa direta desses problemas. As pessoas que ingeriam mais esses produtos também apresentavam outros hábitos prejudiciais à saúde, como o tabagismo — fatores que os pesquisadores procuraram levar em consideração.
No entanto, como ressalta Kevin McConway, professor de estatística da The Open University, não há como garantir que todos os fatores relevantes tenham sido devidamente considerados."Esses estudos aumentam minha confiança de que há algo real por trás dessas associações, mas ainda estou longe de ter certeza."
Com informações da BBC