Imagina saborear um queijo Minas delicioso, com um cafezinho, experimentar aquele doce de leite que só sua avó sabe fazer ou matar a vontade de tomar um chocolate quente assistindo ao seu filme preferido. Essas são situações cotidianas simples e prazerosas, mas que, para muitos, podem se transformar em corridas intermináveis ao banheiro, diarreias, gases e dores abdominais insuportáveis.
Esses problemas são provocados devido a intolerância à lactose. Essa condição acomete pessoas de todas as faixas etárias, até mesmo os bebês. Esse problema é definido pela incapacidade do corpo em digerir devidamente lactose, o açúcar encontrado no leite. O distúrbio afeta até 70% da população mundial em algum grau, conforme o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH).
Os sintomas aparecem entre 30 minutos a 2 horas após a ingestão de laticínios. Os mais comuns são: inchaço abdominal, cólicas, gases, flatulência, diarreia, assaduras, náuseas, vômitos, cãibras e, algumas vezes, constipação intestinal.
O que causa o distúrbio digestivo?
A intolerância à lactose é causada pela ausência parcial da enzima lactase e pode ter origem genética, se mostrando desde a infância, ou surgir já na idade adulta. O problema acontece no intestino delgado, que é onde a lactose deve ser quebrada nos dois açúcares simples que a formam: galactose e glicose.
Esse trabalho é realizado pela enzima lactase, que tem a função de facilitar a absorção dos alimentos. Quando está deficiente ou ausente, a lactose acaba não sendo corretamente digerida e acaba fermentando no intestino. “Como consequência, essa substância chega ao intestino inalterada. Ali, ela se acumula e é fermentada por bactérias que fabricam ácido lático e gases, promovem maior retenção de água e o aparecimento de diarreias e cólicas”, explica o Gerente Técnico do Laboratório Lustosa, João Campos.
O problema costuma ser muito confundido com a alergia ao leite, mas são completamente diferentes. A alergia é uma reação imunológica adversa às proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão de uma porção, por menor que seja, de leite ou derivados. A mais comum é a alergia ao leite de vaca, que pode provocar alterações no intestino, na pele e no sistema respiratório (tosse e bronquite, por exemplo).
Sinais de que você tem intolerância à lactose
Quando a lactose não é devidamente processada, ela permanece no trato intestinal e passa a ser fermentada pela flora bacteriana presente ali. O processo atrai líquido para nosso cólon e eleva a produção de gases, originando os sintomas mais familiares deste problema. E que sintomas são esses? Veja os mais comuns a seguir:
- Som audível do movimento intestinal: ocorre como borbulhas ou ruídos vindos do trato digestivo, e também pode gerar flatulências;
- Diarreia: a intolerância à lactose gera diarreia algumas horas após o consumo de produtos lácteos;
- Dores abdominais: pessoas com intolerância à lactose experienciam dores abdominais que podem variar de leves a severas;
- Sensação de inchaço: o acúmulo de gases no sistema gastrointestinal pode causar uma sensação de inchaço e desconforto abdominal;
- Náusea e vômitos: dependendo do grau da intolerância, algumas pessoas podem experimentar náuseas e vômitos após a ingestão de derivados do leite;
- Diarreia ácida: em casos mais sérios, a diarreia resultante pode ser ácida, causando irritação na pele ao redor do ânus;
- Perda de peso: em casos mais graves de intolerância à lactose, é possível que haja perda de peso e desidratação como resultado de uma ingestão inadequada de líquidos e nutrientes.
Como é o diagnóstico dessa doença?
Geralmente, o profissional solicita que o paciente suspenda o consumo de alimentos com lactose por um período para verificar se os sintomas reduzem ou desaparecem. Depois, o paciente volta a ingerir a substância para avaliar se os desconfortos retornam.
Outra forma para identificação da intolerância à lactose se trata do teste de hidrogênio respiratório. Ele é um exame não invasivo que analisa o ar expirado pela pessoa antes e depois da ingestão de uma dose de lactose. Quando a lactose começa a fermentar no intestino, há uma superprodução de hidrogênio. Se o teste revelar que o ar exalado é rico nesse gás, é um indicativo de intolerância à lactose. Um teste genético, por outro lado, pode determinar a possível origem ou predisposição genética (homozigótica e heterozigótica) da doença.
Como lidar com a intolerância à lactose?
Lidar com a intolerância à lactose é um grande desafio, mas não um bicho de sete cabeças. O hábito de manter uma dieta balanceada e evitar alimentos que contenham lactose é essencial. No entanto, em casos menos severos, consumir uma pequena quantidade de lactose de vez em quando pode não ter efeitos colaterais significativos.
A intolerância à lactose não implica necessariamente em uma alimentação sem sabor. Apesar de não poder consumir leite e seus derivados, quem tem intolerância à lactose ainda pode desfrutar de uma dieta equilibrada e saborosa com carnes, ovos, frutas, verduras, legumes, cereais, grãos e sementes, que não contêm lactose. Além disso, há produtos “sem lactose” disponíveis no mercado.