O grande aumento no número de casos de acidente vascular cerebral (AVC) tem se tornado uma preocupação que não se restringe apenas à população idosa. Segundo a Rede Brasil AVC, pessoas entre 18 e 45 anos também devem ficar atentas aos fatores de risco que podem resultar no quadro, especialmente aos hábitos que podem colaborar para o aumento das chances de ocorrência.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente acontecem cerca de 15 milhões de casos de AVC. Desse total, cinco milhões resultam em óbito, enquanto outros cinco milhões causam incapacidades permanentes nas pessoas afetadas.
O que chama atenção é o fato de que 30% dos casos acontecem em pessoas com menos de 45 anos. Somente no Brasil, a Rede Brasil AVC alerta que 18% dos casos de AVC atingem a faixa etária de 18 a 45 anos. O país também registrou, nos últimos cinco anos, um aumento de mais de 20% na ocorrência de derrames em adultos jovens.
Entenda o que explica esse crescimento
Para a presidente da Rede Brasil AVC, Sheila Mendes, a resposta está nos fatores de risco modificáveis, ou seja, no estilo de vida adotado por esses grupos. Ela ressalta ainda que se tornou mais comum o diagnóstico de hipertensão, diabetes e dislipidemias em pessoas entre 30 e 40 anos, devido a um estilo de vida inadequado.
“Elas estão fazendo menos exercícios, são mais sedentárias, têm uma alimentação não saudável, são obesas, estão fumando de novo e, com isso, bebendo mais álcool (que também é um fator de risco). São fatores de risco que encontrávamos em pessoas de mais idade”, explica a médica.
Sheila considera causas individuais, como fatores genéticos e congênitos (por exemplo, o forame oval patente), que também podem levar ao AVC em jovens. Ainda assim, esses elementos não justificariam o crescimento expressivo dos casos, pois o número de alterações genéticas ou congênitas não sofreu aumento.“O que mudou foi o estilo de vida, além do estresse profissional e pessoal. Isso fez com que mais jovens hoje tenham mais AVC", completou.
Sinais precoces de AVC
O Ministério da Saúde reuniu uma lista com os sintomas indicativos de um acidente vascular cerebral:
- Confusão mental;
- Alterações na fala ou compreensão;
- Alterações na visão (em um ou ambos os olhos);
- Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente;
- Alterações no equilíbrio, coordenação, tontura ou dificuldade para andar;
- Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).
Mas, manifestações clínicas em pessoas mais novas costumam ser confundidas com condições menos graves, uma vez que muitos não esperam que alguém com pouca idade possa sofrer um AVC.
“Muitas vezes acham que a pessoa está nervosa, que é uma enxaqueca, que está alcoolizado… Então, realmente, qualquer paciente que tenha sinais e sintomas de AVC, qualquer déficit neurológico de início súbito em qualquer idade, até que se prove o contrário, é um AVC. Isso porque perdemos a oportunidade de salvar essas pessoas de ficarem com sequelas se a gente desconsiderar o quadro”, recomendou Sheila.
Medidas de prevenção
De acordo com a especialista, a prevenção do AVC precoce passa por mudanças no estilo de vida, como;
- Manter a pressão arterial dentro dos parâmetros ideais;
- Reduzir o consumo de sal;
- Perder peso (caso esteja acima do recomendado);
- Praticar atividade física regularmente;
- Manter uma alimentação equilibrada;
- Controlar o diabetes e o colesterol;
- Não fumar (incluindo cigarros eletrônicos).