O chip da beleza voltou ao centro dos debates nos últimos dias. O implante hormonal, que foi desenvolvido para controlar doenças relacionadas ao ciclo menstrual, com o tempo passou a ser utilizado com objetivos estéticos e virou o chip da beleza. Ele promete melhorar a disposição, o sono, a pele e o processo de emagrecimento e ganhou adeptos entre pacientes que queriam perder peso. Mas apesar de prometer tudo isso, é preciso cautela ao considerá-lo como um aliado.
Nos últimos dias, a ex-BBB Flay usou suas redes sociais para compartilhar os resultados do uso deste implante hormonal para fins estéticos. Ela conta que não estava satisfeita com seu corpo e recorreu ao chip da beleza, mas os resultados não foram os esperados. Segundo a cantora, ela engordou 10 quilos e teve graves problemas de pele.
"A gente se compara bastante com outras pessoas e acaba tentando recorrer o tempo todo a métodos, procedimentos. Vinha essa promessa de emagrecimento, de ganho de massa, de melhora da pele, melhora da celulite", relatou em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, no último domingo.
Ela relata que no primeiro mês após o uso levou um grande susto, com seu rosto cheio de erupções cutâneas e seu cabelo começou a cair. "Começou a cair bastante meu cabelo. A minha pele foi a minha maior tristeza. O meu rosto começou a encher completamente de espinha. Foi com o chip que ganhei 10 quilos", contou.
A ginecologista certificada em implantes hormonais, Luciana Murisaber, em entrevista ao Gshow, explicou como funciona, quem pode usar e se há riscos e efeitos colaterais do chip da beleza. "Do ponto de vista da medicina, a gente chamaria de implante hormonal. Com até 1,5 centímetros, o chip (bastonete de silicone) é implantado embaixo da pele, na região do quadril, e pode conter testosterona, estrogênio, gestrinona ou progesterona. Os hormônios são definidos de acordo com a carência de cada paciente", disse.
"O implante é totalmente individualizado. Sua finalidade é suprir as carências hormonais do paciente e, assim, gerar uma melhora do seu condicionamento físico, promovendo mais qualidade de vida. A melhora estética é uma consequência", completou.
Alerta
O médico Itairan da Silva Terres, do Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina, no entanto, faz um alerta, em entrevista ao Gshow. "O gestrinona é um medicamento que foi estudado e indicado para o tratamento da endometriose, por administração via oral. O parecer se baseou na Nota Técnica em que as Câmaras Técnicas de Endocrinologia e Metabologia e de Ginecologia e Obstetrícia do CRM-SC fizeram extensa pesquisa nas bases científicas disponíveis e demonstraram não haver estudos que indiquem eficácia ou segurança do uso desta medicação para fins estéticos, bem como sua aplicação na forma de implantes."
Já a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) não reconhece os implantes de gestrinona como uma opção terapêutica para tratamento de endometriose, rechaça veementemente o seu uso como anabolizante para fins estéticos e de aumento de desempenho físico e conclama as autoridades regulatórias para incluir a gestrinona na lista C5 (lista de substâncias sujeitas a controle especial no Brasil) e aumentar a fiscalização do uso inadequado destes implantes hormonais no nosso país.
A justificativa é por não estar de acordo com a padronização de medicamentos hormonais, por não ter aprovação de uso pelas diferentes agências regulatórias em diversos países e, principalmente, por não existirem evidências científicas de qualidade referentes à eficácia e segurança dos implantes de gestrinona.