SEÇÕES

Dormir esta quantidade de sono por noite pode dobrar risco de Alzheimer

Embora o alerta não seja novo, a importância do sono vem sendo cada vez mais reconhecida com os avanços da “medicina do sono”

Sono de qualidade | Foto: Reprodução/Internet
Siga-nos no

Dormir menos de cinco horas por noite pode afetar gravemente o cérebro e aumentar significativamente o risco de Alzheimer, segundo estudos de universidades como Harvard, Toronto e o CONICET, na Argentina. Embora o alerta não seja novo, a importância do sono vem sendo cada vez mais reconhecida com os avanços da “medicina do sono”. Para o médico Daniel Cardinali, o sono é essencial para o equilíbrio do organismo. A reportagem é do O Globo.

“Esta é uma etapa fundamental para a manutenção do equilíbrio, não apenas do cérebro, mas de todo o corpo. A homeostase — a capacidade do organismo de manter a estabilidade interna e responder a estímulos externos — depende inteiramente da qualidade do sono”, afirma.

O que diz a ciência?

Um estudo canadense divulgado na revista Science Advances trouxe uma constatação preocupante: a falta de sono impede que o cérebro realize um processo natural de “limpeza” de resíduos. Isso favorece o acúmulo de substâncias semelhantes a placas, como a beta-amiloide, que estão ligadas ao desenvolvimento da demência.

“Tomamos banho em horários diferentes do dia, mas o cérebro o faz durante a fase de sono de ondas lentas... ocorre um processo de fluxo glinfático, no qual uma corrente flui através do tecido cerebral da porção arterial para a venosa para eliminar resíduos”, explica Cardinali.

Esse processo de “limpeza cerebral” é fundamental para prevenir o acúmulo de proteínas nocivas, como a Tau e a beta-amiloide, associadas a doenças neurodegenerativas. Quando o sono é inadequado ou frequentemente interrompido, a eliminação dessas substâncias fica comprometida, favorecendo o surgimento de inflamações crônicas no cérebro.

Sono fragmentado

Andrew Lim, neurologista da Universidade de Toronto e um dos autores do estudo, confirma que “os participantes que acordavam com frequência durante a noite ou tinham sono fragmentado demonstraram pior desempenho cognitivo nos testes”. Mais do que isso: os que dormiam melhor apresentaram células imunológicas cerebrais mais jovens e menos ativadas, o que os protegeu contra os efeitos da doença de Alzheimer.

Prejuízos de dormir menos de 5 horas por noite

Pesquisas da Universidade Harvard indicam que idosos que dormem menos de cinco horas por noite têm o dobro de risco de desenvolver Alzheimer e morrer, em comparação com aqueles que dormem entre seis e oito horas. Outro estudo europeu apontou que manter esse padrão de sono reduzido dos 50 aos 70 anos eleva em 30% o risco de demência.

Apesar dos dados preocupantes, especialistas afirmam que mudanças no estilo de vida podem ajudar a prevenir o Alzheimer. O neurologista Andrew E. Budson destacou que boas práticas de higiene do sono — como manter horários regulares, evitar álcool e nicotina à noite, optar por refeições leves, e garantir um ambiente escuro e silencioso para dormir — podem reduzir significativamente os riscos, inclusive em pessoas com predisposição genética.

Tópicos
Carregue mais
Veja Também