Um caso inusitado foi relatado no Centro de Detenção Provisória (CDP) em São José do Rio Preto, no estado de São Paulo. Trata-se de uma diarista de 27 anos que, durante uma visita ao marido, foi surpreendida ao descobrir uma pinça cirúrgica dentro de seu corpo há mais de dois meses.
A mulher, que não foi identificada, passou por uma cirurgia na Santa Casa de Araçatuba, em São Paulo, em setembro deste ano após sofrer um aborto espontâneo e precisar retirar o feto, que se desenvolvia em forma de ectópica (nas trompas, e não no útero). Em uma negligência médica, a pinça usada para remover o embrião teria sido esquecida dentro do seu corpo.
O erro médico foi descoberto no último domingo (12) quando a mulher precisou passar por detectores de metais para visitar o marido no CDP, informou o advogado da diarista, Mario Guioto Filho. O apito do aparelho indicou a presença de um objeto metálico.
“Ela foi encaminhada para passar pelo escâner, pois é normal que companheiras de detentos tentem entrar com aparelho celular escondido no corpo. Para a surpresa dos seguranças, foi encontrada uma pinça cirúrgica, semelhante a uma tesoura, no interior do corpo dela. O médico do CDP foi chamado e avaliou que o objeto não havia sido introduzido de forma proposital no corpo”, explica Guioto Filho em entrevista à Folha de S. Paulo.
Complicação
Após ser identificado o objeto metálico em seu corpo, a diarista foi encaminhada ao hospital para a retirada da pinça por meio de cirurgia. Mas a negligência médica já havia feito estragos. Durante o procedimento, parte de seu intestino precisou ser removido — o objeto se fixou no órgão, complicando a recuperação.
Investigação
O hospital em que houve a negligência médica, em nota, afirmou que está investigando o caso e irá comunicar o Conselho Regional de Medicina (CRM) sobre o ocorrido. “A direção da Santa Casa informa que o hospital possui protocolos específicos para que os procedimentos cirúrgicos sejam realizados com segurança para os pacientes. Por isso, já iniciou apuração para esclarecer se o protocolo foi seguido pela equipe que realizou o procedimento”, diz, em nota, o hospital.
“Além de colocarem a vítima sob constrangimento, há a questão do erro médico, que é o grande problema. Vamos ingressar com uma ação de indenização por erro médico pedindo a justa compensação financeira. Foi uma incompetência daqueles que estavam na cirurgia e do hospital”, apontou o advogado.