O Dia Internacional da Luta contra a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), estágio mais avançado da infecção pelo HIV, é uma data para reforçar que a prevenção é um dos pilares mais importantes para salvar vidas e que a estigmatização da doença deve ser combatida.
Apenas em 2023, foram registrados 38 mil casos da síndrome no Brasil. A Região Norte apresentou a maior taxa de detecção do país, com 26%, seguida pela Região Sul, com 25%. Pessoas do sexo masculino foram responsáveis por cerca de 27 mil dos casos registrados. No total, o país registrou 10.338 óbitos por Aids no mesmo ano.
Para o médico infectologista Nayro Ferreira, o estigma ainda é uma das principais barreiras no tratamento e na prevenção da síndrome. Segundo ele, qualquer pessoa com vida sexual ativa está propensa a contrair o vírus.
“O estigma ainda hoje é uma das principais barreiras a serem atravessadas na prevenção e no tratamento do HIV. Ainda se estigmatiza muito que os portadores do vírus são pessoas promíscuas e que se expõem em relações sexuais propositalmente. No entanto, isso deve ser combatido, porque qualquer pessoa em idade sexualmente ativa está propensa a ter infecção por HIV a partir do momento em que mantém relações sexuais sem proteção”, destacou o médico.
HIV x AIDS
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus que ataca o sistema imunológico, enquanto a Aids é o estágio mais avançado da infecção. Assim, uma pessoa pode ser portadora do vírus, apresentar ou não sintomas após a infecção, passar por uma fase assintomática e, ainda assim, não desenvolver Aids, caso siga o tratamento adequado e tenha acompanhamento médico.
O especialista explica que aqueles que negligenciam o diagnóstico, abandonam o tratamento ou descobrem a infecção tardiamente ficam mais propensos a evoluir para casos graves e até para o óbito. Daí a importância do cuidado contínuo.
“Se o portador assintomático de HIV parar de tomar os medicamentos ou fizer o tratamento de forma irregular, ele corre um risco muito grande de voltar a ter cargas virais detectáveis, que podem sair do controle. O vírus destrói o sistema imunológico e ele pode desenvolver Aids”, afirmou.
PREVENÇÃO E CUIDADO
O infectologista reforça que o combate ao HIV/Aids não deve ocorrer apenas em dezembro, mês de campanhas de conscientização, mas sim de forma contínua durante todo o ano, com atenção permanente ao diagnóstico precoce, ao uso de preservativos e ao tratamento.
QUAIS OS SINTOMAS?
Os sintomas variam conforme o estágio da infecção. Na fase inicial, pode não haver sinais ou podem surgir manifestações semelhantes às da gripe, como febre, mal-estar e dores no corpo. Com o avanço do HIV, podem aparecer sintomas persistentes, como febre prolongada, suores noturnos, diarreia crônica e perda de peso.
Na fase avançada (Aids), há comprometimento severo do sistema imunológico, o que facilita o surgimento de infecções oportunistas, como tuberculose e pneumonia, além de alguns tipos de câncer.
ONDE BUSCAR AJUDA?
Em Teresina, o tratamento do HIV/Aids é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no Centro de Saúde Lineu Araújo, que funciona como Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e distribui os medicamentos gratuitamente.
Além disso, programas de prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), também são disponibilizados nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), além de preservativos.
LAR DA ESPERANÇA
A capital também conta com iniciativas de apoio a pessoas que vivem com HIV/Aids. Uma delas é o Lar da Esperança, criado pela teresinense Graça Cordeiro, que desde 1989 acolhe moradores de diferentes regiões da cidade.
A ideia surgiu após Graça conhecer um jovem portador de HIV que apareceu em seu escritório de contabilidade, no Centro de Teresina, em busca de alimento e acolhimento.
“Ele tinha saído muito jovem para morar em São Paulo. Quando descobriram que ele estava com o vírus, demitiram o rapaz. Ele também não quis ficar em casa com a avó porque tinha medo de transmitir a doença. Foi à procura do pai, mas a madrasta o expulsou da residência”, relatou.
A partir desse encontro, Graça passou a ser procurada por outras pessoas na mesma situação e começou a abrir as portas de seu escritório para ajudar. Assim nasceu o Lar da Esperança, que hoje presta assistência a mais de 150 pessoas com HIV/Aids, oferecendo acolhimento e cuidado, especialmente àquelas que ainda enfrentam preconceito.