Cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, conduziram uma pesquisa que aponta a ligação entre o consumo moderado de café e a preservação da saúde física e mental ao longo do envelhecimento. Os resultados foram apresentados no congresso Nutrition 2025 nesta terça-feira (03/06).
Mais de 47,5 mil mulheres foram acompanhadas desde 1984 como parte do Nurses’ Health Study, durante o estudo que observou hábitos alimentares e de saúde de enfermeiras americanas ao longo de décadas. O principal foco foi avaliar a ingestão da cafeína durante 30 anos e seus efeitos. Além disso, padrões alimentares e de estilo de vida também foram incluídos.
Segundo a pós-doutoranda de nutrição Sara Mahdavi, líder do estudo, em comunicado à imprensa, anteriormente outros estudos já haviam avaliado o impacto da cafeína no envelhecimento saudável.
“Embora estudos anteriores já tenham associado o café a uma boa saúde, nosso estudo é o primeiro a avaliar o impacto dele em múltiplos domínios do envelhecimento, especialmente do ponto de vista mental, ao longo de três décadas”, disse a pesquisadora.
Principais benefícios do café
Diferentes tipos de bebidas foram consideradas para a análise, como café coado, expresso, chá, refrigerantes e versões descafeinadas. A ingestão foi registrada a cada quatro anos por meio de questionários alimentares. O envelhecimento saudável foi definido como viver até os 70 anos ou mais, sem doenças crônicas graves, com funções físicas e mentais preservadas, sem queixas de memória e com boa saúde psicológica. Em 2016, todos esses critérios foram atendidos por 3.706 mulheres do grupo.
Na meia-idade, essas participantes, consumiam em média 315 mg de cafeína por dia, aproximadamente três xícaras pequenas de café ou 200 ml de café coado. 80% dessa ingestão é proveniente do café tradicional com cafeína.
Amigo do envelhecimento saudável
Para esse grupo, houve um aumento de 2% a 5% na probabilidade de envelhecer de forma saudável associada a cada xícara adicional de café por dia, até um limite de cerca de cinco xícaras pequenas diárias, ou aproximadamente 500 ml de café coado. Os números acima desse nível foram prejudiciais.
Não foram identificados benefícios semelhantes em relação ao chá ou ao café descafeinado. Já em relação a refrigerantes de cola e envelhecimento saudável, houve associação negativa. Segundo os dados, cada copo adicional da bebida reduz as chances de viver a velhice com saúde em até 26%.
A pós-doutoranda de nutrição ressaltou que os resultados sugerem que o café com cafeína pode contribuir de forma única para trajetórias de envelhecimento que preservam tanto a função mental quanto a física. Esses dados foram ajustados para fatores como peso corporal, tabagismo, nível de atividade física, consumo de álcool e proteína na dieta. Essa abordagem visou isolar o efeito do café na trajetória de saúde das participantes.
Além da cafeína
Para além da cafeína, o café contém compostos bioativos que podem agir de forma sinérgica na proteção contra o declínio cognitivo. Os pesquisadores pretendem explorar esses elementos em novos estudos com enfoque em genética e metabolismo. O objetivo da equipe é entender como esses compostos interagem com marcadores genéticos do envelhecimento, principalmente em mulheres e desenvolver abordagens de nutrição personalizada para promover a saúde cognitiva e física.