A médica picoense Luma Elis Bezerra Teixeira, de 37 anos, faleceu na noite desta segunda-feira (03) devido a complicações de colestase gestacional, enquanto aguardava um transplante de fígado no Hospital São Camilo, em Fortaleza (CE). A paciente estava grávida de 16 semanas do terceiro filho, que também foi a óbito.
Em entrevista ao Meio News, a gastroenterologista e hepatologista Dra. Simone Machado, que fez parte do acompanhamento médico da paciente, explicou que é importante esclarecer sobre a condição, sua causa e os problemas que podem ser desenvolvidos na gestação.
“É muito importante falar sobre, porque sempre quando tem um caso assim, que envolve um grupo grande de pessoas, como gestantes, e que são coisas que a gente não ouve falar muito, é interessante esclarecer, porque apesar de não se ouvir falar muito, pode ocorrer”, explica.
O QUE É A COLESTASE GESTACIONAL
A colestase gestacional, também conhecida como colestase intra-hepática da gravidez, é uma condição do fígado que ocorre durante a gravidez e é caracterizada pela redução ou obstrução do fluxo biliar (bile). Isso resulta no acúmulo de ácidos biliares no sangue da mãe, podendo causar sintomas incômodos e apresentar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
POR QUE OCORRE EM GESTANTES?
A médica explica que durante a gestação, a mulher se expõe a adquirir doenças próprias da gravidez. “Estudos mostram que pela mudança hormonal, o feto, apesar de ser uma coisa inerente da biologia humana, traz uma carga genética que não é totalmente da mãe, é uma nova, de outra pessoa que está se formando. Por isso, que além de outras condições, a colestase gestacional pode acontecer”, diz.
SINTOMAS
De acordo com a especialista, os principais sintomas podem ser:
- Icterícia: amarelamento da pele e dos olhos;
- Prurido: coceira intensa, principalmente na palma das mãos e nas plantas dos pés;
- Urina escura e fezes claras: com isso, as taxas do fígado podem alterar um pouco.
Temporalidade: A médica também ressalta que a condição pode ocorrer no meio ao final da gestação e que há um remédio anti-alérgico em casos de coceira para reverter a situação, mas no caso de agravamento do quadro da paciente e do bebê, é preciso que o parto seja antecipado.
CAUSAS E FATORES DE RISCO
A própria pré-eclâmpsia - complicação potencialmente perigosa da gravidez, pode elevar a pressão arterial e causar problemas hepáticos de natureza leve ou grave, que podem chegar a uma situação de falência hepática. “Dependendo do caso, a paciente pode precisar de um transplante urgente ou até ir a óbito”, afirma.
A médica também faz o alerta para a automedicação como chás - muitos não recomendados por um médico - esses fatores também podem desencadear uma hepatite aguda grave.
No entanto, a causa exata da colestase gestacional não é completamente compreendida, embora esteja relacionada às mudanças hormonais da gravidez, ela também pode estar ligada a uma predisposição genética e outros fatores como:
- Histórico familiar de colestase gestacional;
- Gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos, etc.);
- Histórico pessoal de doença hepática.
DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO
O diagnóstico é geralmente baseado nos sintomas relatados pela paciente e em exames laboratoriais que medem os níveis de ácidos biliares no sangue. Outros exames de função hepática também podem ser realizados para avaliar a saúde do fígado.
Com tratamento e monitoramento adequados, a maioria das mulheres com colestase gestacional tem boas chances de ter uma gravidez segura e um bebê saudável. No entanto, a condição pode aumentar o risco de recorrência em futuras gestações.
É importante que qualquer mulher grávida que esteja experimentando sintomas de colestase gestacional procure seu médico para avaliação e cuidado adequados.