A morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, no domingo (20/07), reacendeu o alerta sobre o câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino. A artista havia sido diagnosticada com a doença em 2023 e, após um período de tratamento, enfrentou novas metástases. O caso não é isolado: médicos de diferentes países classificam como “assustador” o aumento dos casos desse tipo de tumor em pessoas mais jovens, com menos de 50 anos.
Tradicionalmente associado a faixas etárias mais avançadas, o câncer colorretal tem apresentado uma mudança preocupante de perfil nas últimas décadas. Estudos mostram um crescimento de até 70% na incidência entre indivíduos jovens, enquanto os números permanecem mais estáveis em pessoas acima dos 60 anos. E o Brasil segue essa tendência, com dados preliminares apontando para uma elevação gradual entre adultos de 20 a 49 anos
Por que o câncer colorretal está aumentando em jovens?
Ainda não há uma explicação definitiva, mas especialistas acreditam que mudanças no estilo de vida são um dos principais fatores por trás dessa tendência. A transição para uma sociedade urbana, com maior consumo de alimentos ultraprocessados, sedentarismo e sobrepeso, criou um ambiente propício para o aumento de tumores intestinais.
Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos, tanto em tratamentos médicos quanto na pecuária, pode ter alterado a microbiota intestinal, favorecendo alterações nas células. Outro ponto levantado pelos oncologistas é a exposição a hábitos modernos que afetam diretamente a saúde intestinal, como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tabagismo e estresse crônico.
Quais os principais sintomas que não devem ser ignorados?
Embora o câncer colorretal possa ser silencioso em estágios iniciais, alguns sinais merecem atenção:
- Presença de sangue nas fezes
- Dores ou cólicas abdominais persistentes por mais de 30 dias
- Alterações no ritmo intestinal, como diarreia ou constipação frequente
- Perda de peso inexplicada
- Cansaço extremo, anemia e fraqueza
De acordo com especialistas, qualquer alteração persistente no funcionamento do intestino deve ser investigada, mesmo em pessoas jovens, que geralmente não se veem como grupo de risco.
É possível prevenir e detectar precocemente?
Nos Estados Unidos, diante do aumento de casos em pessoas com menos de 50 anos, a recomendação para exames preventivos caiu para 45 anos. No Brasil, ainda não existe um programa nacional de rastreamento, mas o exame de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia são as principais ferramentas para detectar precocemente o tumor.
Além dos exames, manter hábitos saudáveis faz toda a diferença. Uma dieta rica em fibras, frutas, legumes e grãos integrais ajuda a manter o intestino saudável, enquanto reduzir carnes processadas, alimentos industrializados e o consumo de álcool pode diminuir os riscos. A prática regular de atividade física e o controle do peso também são fatores protetores.
Há esperança no tratamento?
Apesar do aumento nos casos, o câncer colorretal tem hoje um prognóstico melhor do que há algumas décadas. Se detectado precocemente, as chances de cura ultrapassam 95%. Mesmo em estágios mais avançados, os avanços nas técnicas cirúrgicas, quimioterapias e imunoterapias aumentaram significativamente a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes.
Por isso, os médicos reforçam que a atenção aos sinais do corpo e a realização de exames preventivos são as melhores armas para reduzir os impactos da doença.