Baixo nível de testosterona pode agravar casos de Covid-19 em homens

Em estudo nos EUA, homens com baixa taxa do hormônio tiveram maior necessidade de cuidados intensivos e risco de morte pelo novo coronavírus

vacina | Reprodução
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Desde o início da pandemia de Covid-19, dados epidemiológicos sugerem que, embora os homens não sejam mais predispostos a contrair o novo coronavírus, eles têm maior probabilidade de desenvolver quadros graves após a infecção em comparação às mulheres. Essa constatação levou à circulação de uma hipótese-pergunta: seria a testosterona – hormônio produzido em maior volume pelo sexo masculino – um fator de agravamento da doença?

Um estudo publicado pelo periódico de medicina JAMA Network Open nesta terça-feira (25) sugere que não: em análise com 152 pacientes infectados pelo Sars-CoV-2, a testosterona se mostrou, na verdade, um fator protetivo contra o avanço da Covid-19 entre homens, enquanto o baixo nível dessa substância no sangue esteve associada a piores desfechos clínicos nos indivíduos do sexo masculino.

Estudo foi feito nos EUA (Foto: divulgação)

Liderada por especialistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St Louis, nos Estados Unidos, a pesquisa investigou a relação entre a evolução da Covid-19 e a concentração de três hormônios: testosterona, estradiol – o estrogênio mais abundante no organismo – e o IGF-1, uma substância que desempenha um papel importante na manutenção da massa muscular. Os participantes da avaliação – 90 homens e 62 mulheres – foram diagnosticados com o novo coronavírus no Hospital Barnes-Jewish, no estado do Missouri, entre março e maio de 2020.

Entre os que precisaram de hospitalização (143), amostras de sangue também foram retiradas para análise nos dias 3, 7, 14 e 28 após a internação, a fim de monitorar a oscilação do trio de hormônios. Desse grupo, 90 eram homens, com idade entre 55 e 68 anos e alta frequência de comorbidades – assim como as mulheres. Até o final do estudo, 37 pacientes haviam morrido, dos quais quase 68% (25) eram do sexo masculino.

Mas o resultado que surpreendeu os pesquisadores foi outro: enquanto nenhuma correlação entre os níveis dessas substâncias e a gravidade da doença foi constatada entre as mulheres, os homens que chegaram ao hospital com baixos níveis de testosterona tiveram maior necessidade de ventilação mecânica ou cuidados intensivos, assim como maior risco de entrar em óbito. “E se os níveis de testosterona caíssem ainda mais durante a hospitalização, o risco aumentava”, explica Abhinav Diwan, autor sênior do estudo, em comunicado.

De acordo com o estudo, ao chegar no hospital, cerca de 89% dos pacientes do sexo masculino estavam com concentrações de testosterona abaixo do nível considerado ideal – para homens, acima de 250 nanogramas por decilitro. Entre os participantes que precisaram de hospitalização, aqueles que apresentaram desfechos clínicos menos graves tinham, em média, 151 nanogramas por decilitro do hormônio, ao passo que, entre os homens mais gravemente enfermos, esse número era de 19 já no terceiro dia de internação.

Também descobrimos que os homens com Covid-19 que não estavam gravemente doentes inicialmente, mas tinham baixos níveis de testosterona, provavelmente necessitariam de cuidados intensivos ou intubação nos próximos dois ou três dias”, acrescenta Sandeep Dhindsa, primeiro autor da pesquisa. “Níveis mais baixos de testosterona pareciam prever quais pacientes eram propensos a ficar muito doentes nos dias subsequentes", completa, em nota, o endocrinologista.

O estudo, no entanto, não conseguiu provar se níveis baixos de testosterona também podem implicar em uma maior probabilidade de contrair o novo coronavírus – já que os pesquisadores não tiveram acesso à concentração desse hormônio nos participantes antes da infecção pela Covid-19.

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