Um estudo recente, publicado no periódico científico Nutrients, destaca os efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e neuroprotetore da cúrcuma, também conhecida como açafrão-da-terra. A pesquisa, conduzida por cientistas italianos, detalha os mecanismos moleculares pelos quais a curcumina, principal composto ativo da raiz, atua no organismo.
Segundo a nutricionista Gabriela Mieko Yoshimura, do Hospital Israelita Albert Einstein, trata-se de uma revisão robusta e atualizada que reforça benefícios já conhecidos da substância e ainda traz novas possibilidades terapêuticas. A curcumina faz parte do grupo dos polifenóis, compostos produzidos pelas plantas para se protegerem de estresses ambientais, como excesso de sol ou falta de água.
No corpo humano, esses polifenóis exercem importante função antioxidante: neutralizam os radicais livres, átomos instáveis que danificam as células e favorecem o envelhecimento precoce e o surgimento de doenças. A curcumina também age reduzindo inflamações e fortalecendo a barreira intestinal, fator essencial para evitar que substâncias nocivas alcancem a corrente sanguínea e provoquem desequilíbrios no organismo.
BENEFÍCIOS NEUROLÓGICOS
Essa atuação intestinal pode refletir diretamente no cérebro, como aponta o artigo. É o chamado “eixo intestino-cérebro”: uma rede de comunicação entre os dois órgãos, mediada por neurotransmissores como a serotonina. Melhorar a saúde intestinal, portanto, também pode influenciar o bem-estar mental e até reduzir riscos de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
No entanto, os pesquisadores destacam um desafio: a baixa biodisponibilidade da curcumina. Isso significa que, quando ingerida por meio da alimentação, a substância tem pouca absorção no organismo. Por isso, ainda não é possível indicar uma dose alimentar que traga todos os benefícios.
“A suplementação pode ser uma alternativa eficaz, mas sempre com orientação de médico ou nutricionista”, ressalta Gabriela Yoshimura. Segundo ela, a cúrcuma deve ser incluída em um estilo de vida saudável. “Sozinha, ela não faz milagres. É preciso manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios, controlar o estresse e dormir bem.”
É PRECISO TER CUIDADO
A especialista ainda alerta sobre a moda dos “shots milagrosos”, bebidas feitas com cúrcuma, gengibre e limão, consumidas com a promessa de emagrecimento ou aumento da imunidade. “É importante que a alimentação seja também prazerosa. Consumir algo que você não gosta só pelos efeitos esperados pode prejudicar sua relação com a comida”, observa.
COMO USAR
Para tirar proveito da cúrcuma no dia a dia, o ideal é usá-la em pratos quentes, misturada a algum tipo de gordura, como azeite ou manteiga. Isso ajuda na liberação dos compostos ativos. Outra dica é combiná-la com pimenta-preta, que contém piperina, uma substância que melhora a absorção da curcumina.
O curry, mistura típica da culinária indiana, já reúne cúrcuma, pimenta-do-reino e outras especiarias como canela, cravo e coentro. Outra sugestão é o “leite dourado” — bebida tradicional asiática feita com cúrcuma, leite (ou leite vegetal) e pimenta-do-reino.
Especialistas alertam que como todo bom ingrediente, ela funciona melhor quando acompanhada de equilíbrio e bons hábitos.