Uma pesquisa intitulada “A Felicidade dos brasileiros”, idealizada e coordenada pela advogada, mentora, palestrante, especialista em felicidade, Mary Elbe Queiroz e executado pelo Instituto Qualibest, mostrou que 19% da população – ou quase uma em cada cinco pessoas – se sente infeliz. Enquanto a maioria (52%) disse estar mais ou menos feliz, e somente 29% dos entrevistados declararam-se de fato felizes. A ausência de alegria, no entanto, pode impactar a saúde de todo o corpo.
A pesquisa identificou um quadro preocupante com relação à quantidade de brasileiros que se declaram infelizes. As pessoas que se declararam felizes identificam a felicidade como relacionada à família, às características pessoais (internas) e à forma de enfrentar a vida. Assim como autocuidado, otimismo, resiliência, gratidão e perdão aparecem como aspectos relevantes para gerar uma sensação de felicidade mais plena e genuína. Enquanto as que se definem como infelizes entendem que a felicidade está relacionada ao corpo e à situação financeira.
A pesquisa ocorreu de forma online, em duas etapas: a primeira, qualitativa, entrevistou 32 pessoas, de distintas idades, gêneros, orientações, raças e classes sociais, no dia 9 de janeiro de 2022. O objetivo dessa fase foi construir um significado e identificar as características relacionadas à felicidade, a partir de questionamentos sobre o tema. A segunda parte, quantitativa, entrevistou, entre 6 e 18 de abril de 2022, 1105 pessoas, de todas as regiões do Brasil, homens e mulheres, com idade superior a 18 anos, das classes sociais ABCDE. O Brasil tem um universo de 152 milhões de internautas, o que corresponde a 81% da população brasileira, pode-se afirmar, segundo o estudo, que um pouco mais de 30 milhões de pessoas estão infelizes no Brasil.
O que é a felicidade?
Questionados a respeito de como são as pessoas felizes, os entrevistados associaram a elas diversas características de forma mais ou menos homogênea. Contudo, “estão bem consigo mesmos”, “encaram a vida de modo simples e leve”, “otimistas” e “têm autoestima elevada” foram os quesitos que receberam as melhores notas. Na comparação entre pessoas felizes e infelizes, a maioria das pessoas que se declaram felizes têm essas características.
Enquanto no universo das pessoas que se definem como infelizes, essas qualidades não foram tão reconhecidas. Como exemplo, 88% dos felizes disseram que o principal aspecto das pessoas felizes é estar bem consigo mesmo e apenas 61% dos infelizes alegaram isso. Já 90% dos felizes consideram que para alcançar a felicidade é preciso se valorizar, enquanto apenas 67% dos infelizes fizeram tal alegação. No que se refere à definição da felicidade, a maioria disse que “família” é a primeira palavra que vem à cabeça quando se pensa no significado de felicidade. Sentimentos como paz e amor, além de itens que garantam bem-estar também estiveram entre as principais menções.
Felicidade se resume a que?
Os participantes associaram a percepção de felicidade mais a atitudes positivas do que a questões financeiras e sorte. Por exemplo, 93% dos felizes deram ênfase ao item “ser grato pelo que acontece de bom em minha vida”. No geral, somente 14% dos entrevistados associaram felicidade à “sorte”, 20% a “destino” e 22% a “possuir bens materiais”. Porém, considerando os dois grupos, relativamente ao que se considera como o que mais contribui para a infelicidade, 57% atribuiu à sua situação financeira e 40% à morte ou doença de pessoas queridas.
Na comparação entre felizes e infelizes, na pesquisa espontânea, a família se mostrou um item que interfere bastante na felicidade para ambos os grupos. Já na pesquisa estimulada, a maioria das pessoas que se disseram infelizes (64%) afirmou que a liberdade é um dos pontos mais fortes na definição de felicidade e a maior parte das pessoas autodeclaradas felizes deu ênfase a aspectos como gratidão, família e demonstração de afeto.
Qual o caminho para a felicidade?
Nesse sentido, as respostas “me valorizar” foram as mais bem cotadas pelas pessoas declaradas felizes (90%), entretanto para os que se dizem infelizes ficou em 67%. Já “cuidar da minha saúde” foi declarado por 85% dos felizes e 68% dos que se definem como infelizes. O ponto de vista de pessoas felizes e infelizes em relação a este tema se parece segundo o levantamento.
Ambos os grupos citaram as mesmas características a serem trabalhadas. Embora os felizes realmente tenham estas características e os infelizes saibam quais são necessárias, mas não as têm, estes deram mais ênfase a fatores externos em comparação aos felizes. A situação se inverteu no quesito “acredito que dinheiro traz felicidade”. Enquanto 67% dos infelizes acreditam que a situação financeira contribui para a sua infelicidade, essa porcentagem cai para 31% entre os felizes.
Conclusão
O estudo conclui que boa parte das pessoas, mesmo aquelas que se declaram felizes, ainda pauta sua felicidade a partir de aspectos externos, como família, religião, visão do próprio corpo, bens materiais, relacionamento amoroso. Talvez por isso o resultado do levantamento seja um grande número de pessoas que afirmam estar infelizes (19%) e mais ou menos felizes (52%), pois, está comprovado cientificamente que a felicidade é construída com base em aspectos internos.
Esta conclusão reforça a tese de Mary Elbe que, com base nos seus estudos da neurociência e psicologia positiva, e, também por experiências e pesquisas pessoais, constata que a felicidade é um estado de espírito e uma forma de ver a vida, podendo ser construída a partir do desenvolvimento de fatores internos, que o indivíduo deve persistir, desenvolver e incorporar no seu dia a dia.
Qual a relação entre a saúde e felicidade?
Quando sentimos prazer e felicidade há aspectos emocionais envolvidos que afetam diretamente a nossa saúde física e mental, explica a psicanalista Dra. Andrea Ladislau. “Nossa saúde também pode ser afetada pelo poder do pensamento positivo, pois nosso sistema imunológico será fortalecido, diminuindo os riscos de doenças e também possibilitando o prolongamento da vida”, esclarece.
Segundo Andrea, o pensamento positivo tem um grande impacto em todo o nosso corpo e em nossa saúde. “Ele auxilia em doenças do âmbito mental e emocional, como a depressão, a solidão e estresse, amenizando sintomas e reabilitando o organismo. Comprovadamente, até uma diabetes pode ter seu fator crítico reduzido pelas mentalizações positivas. Cientificamente, o pensamento positivo vai auxiliar no tratamento e, em alguns casos, até na cura destes”, destaca.
No entanto, o contrário também acontece. “O espírito pessimista além de atrair mais desconforto físico, emocional e mental, abala o sistema imunológico e pode agravar doenças e sintomas diversos”, alerta a psicanalista. A felicidade está diretamente associada com a produção e liberação dos famosos hormônios do bem. São eles que irão manifestar no ser humano a sensação de bem-estar, além de promover o equilíbrio da saúde, explica a profissional. Andrea detalha a ação de cada um desses hormônios:
- Serotonina: atua no corpo ajudando a regular sono, o humor, o apetite, o ritmo cardíaco e as emoções, ou seja, é um regulador dos excessos;
- Endorfina: atua como um analgésico natural no organismo e sua liberação controla a resposta do nosso corpo ao estresse, às dores e também às emoções negativas;
- Dopamina: promove a sensação de prazer, melhora o humor, ou seja, também regula nossas emoções. Além disso, faz com que a positividade e a alegria tomem conta de nossos dias, facilitando o olhar para os desafios;
- Ocitocina: produzida pelo organismo quando ele se sente relaxado e seguro, também chamada de “hormônio do amor”.