'Democracia foi atacada no Brasil, mas sobreviveu', diz Moraes em Nova York

Ministros do STF foram hostilizados por apoiadores de Jair Bolsonaro em Nova York

Alexandre de Moraes | Jane de Araújo/Agência Senado
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IGOR GIELOW

NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, afirmou nesta segunda (14) que "a democracia foi atacada no Brasil, mas sobreviveu".

Ele fez uma breve fala na abertura da Lide Brazil Conference, organizada pelo grupo Lide, da família do ex-governador paulista João Doria, em Nova York. Do lado de fora do local do evento, no centro de Manhattan, há manifestantes criticando os ministros do Supremo e o sistema eletrônico de votação do Brasil.

"Se pretende não substituir o sistema político", disse, sobre o que chamou de milícia digitais. "O que se pretende é substituir o sistema político. O que se pretende atacar é a própria democracia", afirmou.

Segundo Moraes, sem nominar o presidente Jair Bolsonaro (PL) ou seus apoiadores, "não é possível que as redes sociais sejam terras de ninguém". "Isso começou aqui nos EUA, na extrema-direita, chegou ao Leste Europeu e depois ao Brasil", disse.

O ministro defendeu o Judiciário. "O Poder Judiciário atuou para chegarmos às vésperas do final do ano com a democracia garantida. A democracia foi atacada, aviltada, mas sobreviveu. O Judiciário não foi cooptado, não foi aumentado, foi uma barreira a qualquer ataque à liberdade", disse.

É lamentável, diz Gilmar sobre atos de bolsonaristas contra ministros do STF em Nova York

Um grupo de bolsonaristas passou parte da tarde do domingo (13) protestando em frente a um hotel em Nova York onde estão hospedados seis ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), reunidos para um evento promovido pelo Lide, grupo da família do ex-governador paulista João Doria.

"Agressão não encontra abrigo na Constituição, é lamentável", afirmou o ministro Gilmar Mendes, questionado sobre os atos.

"Polarização é útil, mas a radicalização, não. Lamentavelmente, isso ocorre neste instante, aqui em Nova York", disse no começo da conferência do Lide o ex-presidente Michel Temer (MDB), que também foi hostilizado à frente do hotel no domingo.

No domingo, uma mulher chegou a xingar o ministro Luís Roberto Barroso num passeio pela Times Square, ponto turístico da cidade.

"Não seja grosseira", respondeu o magistrado, antes de dizer: "Passe bem". Outros três ministros, Gilmar, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes deixaram o hotel sob xingamentos, com escolta de seguranças.

"Ei, Xandão, seu lugar é na prisão", gritaram os manifestantes para Moraes, usando um de seus apelidos. Ele preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e é um dos maiores antagonistas do bolsonarismo.

Os bolsonaristas cantaram o hino nacional e rezaram um Pai Nosso ao longo do dia, entre crítica à derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições deste ano.

Uma mulher que se identificou como Maria afirmou que estava presente, enrolada numa bandeira brasileira, para "denunciar ao mundo a farsa" que teria ocorrido na eleição. Os manifestantes se apoiam em teses falsas de que o sistema eleitoral é fraudado e que o TSE ajudou Lula.

O Lide pediu auxílio à polícia de Nova York, que colocou dois carros com equipes na frente do hotel. Não houve incidentes, contudo. Em redes sociais, os manifestantes pediram para que um ato maior ocorra nesta terça, feriado da República no Brasil.

Estão presentes no evento de Doria, além de 260 empresários, políticos e convidados, os ministros Barroso, Moraes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

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