O rompimento do vereador Carpejanne Gomes com o ex-deputado federal Fábio Abreu ajuda a colocar as peças no devido lugar e a dar o mérito a quem, de fato, teve papel decisivo na vitória do vereador do Podemos.
Carpejanne esteve ao lado de Fábio Abreu em suas três últimas disputas, mas a relação começou a esfriar ainda durante a eleição municipal de 2024. Embora parte do eleitorado, da imprensa e até da classe política tenha atribuído a vitória do vereador ao apoio de Abreu, os bastidores mostram outra realidade.
Na fase de montagem da chapa do Podemos, Abreu chegou a atuar nos bastidores para atrair alguns nomes ao partido. No entanto, foi o deputado estadual Coronel Carlos Augusto, aliado de primeira hora de Carpejanne, quem realmente deu musculatura ao grupo. Mesmo sendo filiado ao MDB e tendo como prioridade a candidatura do ex-vereador Neto do Angelim, o coronel bancou — com recursos próprios — as campanhas de pelo menos seis candidatos do Podemos. Além disso, ofereceu estrutura para que esses postulantes conseguissem colocar a campanha nas ruas.
Durante a disputa, não foram raras as reclamações à direção do Podemos. Houve ameaças de desistências e queixas sobre a falta de apoio estrutural. O cenário se agravou com a presença de familiares de Fábio Abreu na eleição, o que gerou ciúmes em alguns concorrentes, que acreditavam que Carpejanne estaria sendo privilegiado. Na prática, porém, nem estrutura nem lideranças foram indicadas pelo ex-deputado (com exceção de alguns funcionários da SADA). No que diz respeito ao fundo eleitoral, Carpejanne acabou ficando entre os que menos receberam.
A vitória de Carpejanne não serviu para reaproximar os dois. Pelo contrário: o vereador passou a relatar dificuldades até para ser recebido por Abreu. Sem espaço na prefeitura e pressionado pelos eleitores, buscou diversas vezes abrir diálogo com o agora ex-aliado, mas, sempre encontrou portas fechadas. Ao contrário de Fábio, Carpejanne nomeou pelo menos quatro servidores em seu gabinete a pedido dele.