Pânico radioativo em SP: O que foi roubado, quais os riscos e como se proteger?

Apesar da segurança oferecida pelas embalagens, a CNEN alerta que a manipulação inadequada da substância pode representar graves riscos à saúde.

Na tarde de sexta-feira (5), uma das cinco latas foi recuperada. | Divulgação/CNEN
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No fim de semana, uma picape de uma empresa de transporte de material radioativo foi roubada em São Paulo, e o caso está sendo investigado pela polícia. Em comunicado, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) informou que os materiais Germânio e Gálio que estavam na carga apresentam "risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente".

A CNEN esclareceu que o material está armazenado em embalagens de chumbo, que impedem a irradiação para o ambiente. Na tarde de sexta-feira (5), uma das cinco latas foi recuperada.

Apesar da segurança oferecida pelas embalagens, a CNEN alerta que a manipulação inadequada da substância pode representar graves riscos à saúde.

Especialistas alertam que, caso as embalagens sejam abertas, o contato com o material pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer e, em alguns casos, pode ser letal.

Natureza do Material Furtado

A Comissão Nacional de Energia Nuclear informou que o material radioativo roubado incluía "um gerador de 68Ge/68Ga e quatro unidades de blindagens de geradores de 99Mo/99mTc". Esses materiais são utilizados na medicina nuclear para exames diagnósticos.

68Ge/68Ga

O Germânio (68Ge) é um elemento químico radioativo que se transforma em Gálio 68 (68Ga), dispersando partículas radioativas durante a transição. Esse material é utilizado como contraste em exames de imagem para diagnóstico de câncer de próstata, metástases e linfomas.

Caso de material radioativo roubado está sendo investigado pela Polícia Civil. (Foto: Reprodução/Comissão Nacional de Energia Nuclear)

Leonardo Moreira, professor de química da Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que essa fusão é realizada em um laboratório protegido antes de ser aplicada no paciente, pois o germânio é perigoso para a saúde.

99Mo/99mTc

O Molibdênio (99Mo) também é usado em exames de diagnóstico como contraste. Ele é transformado em Tecnécio (99mTc) após a exposição. Segundo especialistas, essa transformação ocorre em um ambiente controlado, garantindo que apenas o material final, menos perigoso, entre em contato com o paciente.

No caso do 99Mo/99mTc, a CNEN informou que as embalagens já haviam sido usadas em um hospital e estavam sendo devolvidas à empresa.

PERIGOS à Saúde

Se as embalagens não forem abertas, não há risco à saúde. No entanto, a abertura exporia as substâncias radioativas, que podem causar câncer, tumores e até a morte. Leonardo Moreira explica que o contato com essas substâncias modifica o DNA das células, podendo ser letal.

A CNEN informou que a meia-vida do material é de 288 dias, período em que sua concentração radioativa é mais alta, diminuindo pela metade após esse tempo.

Comparações com o Caso do Césio-137

Após o roubo, internautas no X (antigo Twitter) compararam o caso com o incidente do Césio-137, a maior tragédia envolvendo material radioativo no Brasil. Em 1987, dois catadores encontraram um aparelho contendo uma cápsula com 19 gramas de pó radioativo, que causou quatro mortes e afetou mais de mil pessoas.

A situação atual, embora preocupante, está sendo monitorada de perto pelas autoridades competentes.

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