Após 24 anos, começou por volta das 10h desta segunda-feira (17) no Fórum Central de Taubaté, interior de São Paulo, o julgamento de três médicos acusados de matar quatro pacientes num hospital da cidade, ao retirar rins irregularmente das vítimas como parte de um suposto esquema de tráfico de órgãos humanos. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o júri popular deverá durar três dias.
Serão ouvidos os depoimentos de sete testemunhas de acusação e dez da defesa. Posteriormente, os três médicos serão interrogados, e ocorrerão os debates do Ministério Público e advogados de defesa. Os sete jurados vão, então, se reunir para decidir se os acusados são culpados ou inocentes do crime de homicídio doloso. A previsão é que a leitura da sentença pelo juiz Marco Antônio Montemor ocorra na noite de quarta-feira (19). Caso sejam condenados, cada um poderá pegar pena de 6 a 20 anos de reclusão.
Todos os réus respondem ao crime em liberdade e no exercício legal da profissão. A convicção da Promotoria de que eles cometeram assassinatos é amparada pelos depoimentos de testemunhas, que são outros médicos, enfermeiros e familiares das vítimas, além de provas técnicas.
Segundo a denúncia feita pela Promotoria à Justiça, entre setembro e novembro de1986 o neurocirurgião Mariano Fiore Júnior, agora com 62 anos, o urologista Rui Noronha Sacramento, de 60 anos, e o nefrologista Pedro Henrique Masjuan Torrecillas falsificaram prontuários de pacientes vivos, informando que eles estavam com morte encefálica (sem atividade cerebral e sem respiração natural) para convencer suas famílias a autorizarem a retirada dos rins para doação.