A vereadora Tatiana Medeiros (PSB) teve a prisão preventiva mantida durante audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (4), no Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), em Teresina. Ela foi detida na manhã de quinta-feira (3) pela Polícia Federal, sob suspeita de envolvimento com a facção criminosa “Bonde dos 40”, e de ter sua campanha financiada com recursos ilícitos.
O QUE ACONTECEU
Durante a audiência, o juiz Luís Henrique Moreira Rego decidiu manter a parlamentar presa. Por prerrogativa legal, Tatiana será custodiada em sala de Estado-Maior, no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar do Piauí (QCG), em Teresina. O benefício foi concedido a pedido da defesa, com base no fato de que a vereadora é formada em Direito — o que garante esse direito conforme o Estatuto da Advocacia.
Tatiana chegou ao tribunal acompanhada por advogados, com uma bíblia nas mãos. Após a decisão judicial, deixou o local em uma viatura da Polícia Federal.
Crimes apontados: fase é de apuração, diz Justiça Eleitoral
De acordo com a juíza auxiliar da Corregedoria Regional do TRE-PI e coordenadora do Juízo Eleitoral de Garantias, Melissa de Vasconcelos Lima Pessoa, o caso ainda está em fase de investigação, mas crimes graves já foram apontados pela Polícia Federal:
• Falsidade ideológica em matéria eleitoral
• Lavagem de dinheiro
• Compra de votos
• Sufrágio ilícito
“Isso é apuração. A gente não pode confundir com o processo judicial que será conduzido por outro juiz, caso o Ministério Público apresente denúncia. O que foi adotado até agora são medidas acautelatórias”, explicou a magistrada.
Melissa destacou que a Justiça Eleitoral tem competência para conduzir essa fase do caso, pois envolve possíveis crimes eleitorais.
“A polícia investiga, o Ministério Público propõe, e a Justiça Eleitoral avalia. Avaliar a existência de crimes eleitorais é uma atribuição nossa. Os juízes de garantias acompanham todos esses atos, garantindo que a lei seja observada e também a rigidez do processo”, disse.
Ela reforçou que não há sentença condenatória no momento, apenas indícios que justificam a adoção de medidas cautelares.
“Esse é um inquérito entre muitos outros que temos. Se vai resultar em condenação ou não, não sabemos. Vamos acompanhar com serenidade. A polícia ainda vai apresentar o relatório do inquérito, e é preciso aguardar”, completou.
Operação Escudo Eleitoral
A prisão de Tatiana ocorreu durante a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada pela Polícia Federal. As investigações apontam que a campanha da parlamentar nas eleições de 2024 teria sido financiada por recursos oriundos da facção criminosa “Bonde dos 40”, além do possível desvio de verbas públicas da ONG “Vamos Juntos”, fundada por Tatiana.
Como parte das medidas judiciais, o Juízo Eleitoral determinou o afastamento da vereadora do cargo e a suspensão das atividades da ONG.
Quem é Tatiana Medeiros
Tatiana Teixeira Medeiros tem 35 anos, é formada em Administração e Direito e foi eleita vereadora em Teresina com 2.925 votos, defendendo bandeiras ligadas à educação e inclusão social. Antes de entrar na política, atuava como advogada. Em 2019, fundou o projeto “Vamos Juntos”, com atuação em comunidades carentes da capital.
A vereadora também foi alvo da primeira fase da Operação Escudo Eleitoral, deflagrada em dezembro de 2024, quando foram apreendidos R$ 100 mil em espécie durante buscas na sede da ONG.
Conexão com o namorado investigado
Em novembro de 2024, o namorado da vereadora, Alandilson Cardoso Passos, foi preso em Belo Horizonte durante a Operação Denarc 64, que investiga uma organização criminosa suspeita de tráfico de drogas e lavagem de R$ 2,1 bilhões. Ele estava hospedado em um hotel com Tatiana e tinha passagem comprada para São Paulo no momento da prisão.
Próximos passos
A defesa de Tatiana afirma que ela está “tranquila e convicta de sua inocência” e nega qualquer vínculo com facções ou práticas criminosas. Os advogados devem apresentar pedido de habeas corpus nos próximos dias.
Segundo a juíza Melissa Pessoa, o parecer do Ministério Público deve ser lançado nos autos em até 10 dias. O caso segue sob investigação da Polícia Federal, com acompanhamento da Justiça Eleitoral.