"Além da importância para a nossa aprendizagem, o projeto nos encaminha para algo muito mais bonito, que é ajudar as pessoas no futuro", pontua a estudante Júlia Guimarães, de 12 anos. "Saber que podemos tratar a água e procurar outros meios para o planeta não chegar ao seu limite, é importante para todos nós", completa Pedro Leal, de 15 anos.
Ambos são estudantes da Great International School, colégio localizado na zona Leste de Teresina, e apresentaram neste sábado (11), ao lado de Gabriel Souza, Valentina Buchert, Gustavo Burlamaqui Gonçalves Melo e Maria Valentina Miranda, um projeto que pode contribuir para uma melhor distribuição de água potável para a população que sofre com a escassez.
A iniciativa integrou a programação da Steam Fair, mostra científica produzida pelas turmas do G6 ao G10 da Great. Os alunos exibiram suas produções acadêmicas em uma variedade de projetos e atividades que envolveram ciências, tecnologia, engenharia, matemática e arte.
Em uma mesa, os seis estudantes distribuíram os materiais utilizados no projeto científico, dividido em duas etapas: um pensado para transformar água salgada em água doce e outro criado com o intuito de transformar água imprópria em um recurso utilizável no dia a dia.
Na primeira etapa, eles utilizaram uma cuscuzeira para transformar água salgada em água doce, com o intuito de torná-la segura para o consumo humano ou agrícola. Durante o experimento, eles mostraram ao público que o sal da água é capaz de cristalizar no fundo da panela, enquanto a água doce se apresenta na tampa da cuscuzeira. Esse método, além de eficaz, demonstrou ser econômico.
Já na segunda etapa do projeto, o grupo utilizou um galão de água de 20 litros, preenchido com areia fina e um tecido para coar a água. Eles fizeram furos no fundo do recipiente e criaram uma solução prática para transformar água imprópria em um recurso utilizável no dia a dia.
A inspiração para esse projeto veio do pai de Valentina Buchert, Lutz Buchert, CEO da empresa alemã Pflanzenkläranlagen, especializada em processos de despoluição da água. "Quando surgiu a oportunidade de participar de uma feira de ciências, decidimos alinhar o projeto com os tópicos da Agenda Global da ONU, no 14º objetivo: Conservação e Uso Sustentável dos Oceanos, dos Mares e dos Recursos Marinhos para o Desenvolvimento Sustentável", explicou Gustavo. Maria Valentina complementou, afirmando que, ao utilizar materiais reutilizáveis, conseguiram manter os custos baixos, oferecendo uma alternativa sustentável para comunidades mais necessitadas.
O tripé da educação nacional, composto por ensino, pesquisa e extensão, foi aplicado ao longo da manhã na Great, conforme destaca o professor Leonardo Francisco Lopes de Oliveira, professor de história. "Nós trabalhamos o ensino formal e o ensino ligado a metodologias ativas na sala de aula e estamos aplicando aqui um projeto e podendo estendê-lo para outros investimentos."
Na Steam Fair, a feira científica realizada, a ênfase foi na sustentabilidade, seguindo as metas do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), a agenda 2030, abordando questões como a diminuição de poluentes, combustíveis fósseis e melhorias na qualidade de vida urbana e rural. O grupo orientado por ele decidiu trabalhar com a dessalinização e melhoramento de solo para reaproveitar práticas ligadas à agricultura e reduzir as extrações diretas de lençóis freáticos.
Pedro Leal, um dos estudantes que contribui no trabalho, acredita que esse tipo de ensino traz um benefício que será perpetuado por ele e pelos demais componentes. "Esse projeto foi bastante interessante para o desenvolvimento não só do nosso grupo, mas para toda a escola, porque isso vai ajudar mais gente". Ele aponta diversas formas de reutilizar a água filtrada, como usar na horta, para plantio e rega. A dessalinização, segundo ele, é uma técnica simples e de baixo custo, podendo beneficiar pessoas que não têm condições de comprar água filtrada.
"É a primeira Steam Fair que a gente faz na Great e eu achei uma experiência muito legal porque estaremos conseguindo ajudar em um futuro bem próximo as pessoas que não têm tanto acesso à água como a gente. É algo muito interessante e instigante de fazer”, conclui Júlia Guimarães.