Por Jéssica Machado.
“Quando analisamos os números de 2024, vemos que mais de 80% das mulheres nem sequer haviam registrado ocorrência anteriormente”, disse a delegada Nathália Figueiredo, titular do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), ao falar sobre o aumento dos casos de feminicídio no Piauí.
Segundo a delegada, o Piauí registrou 40 casos de feminicídio em 2024, um aumento significativo em comparação aos 28 casos de 2023. Ela destacou a gravidade desses números e a complexidade da violência doméstica familiar, onde a repressão é importante, mas o trabalho preventivo é fundamental para reduzir esses casos.
“A gente sabe que não começa no feminicídio, começa nos outros , violência psicológica, moral, patrimonial, sexual, a física. A gente já faz uma análise, por que que essas mulheres não estão rompendo esse ciclo? E acaba desaguando como a gente viu na questão do feminicídio que é algo irreversível”
Veja entrevista concedida ao programa revista
PERFIL DAS VÍTIMAS
A autoridade ainda explicou que perfil das vítimas inclui mulheres que vivem em relacionamentos abusivos com controle excessivo, muitas vezes romantizando o ciúme excessivo como cuidado. “Sofrem violência sexual. A gente sabe que muitas mulheres passam por isso dentro de casa e acreditam que é um dever do matrimônio e não é. Qualquer relação sexual não consentida é estupro, sim, é crime”, frisou a delegada.
Nathália Figueiredo frisou que 80% não solicitaram medida protetiva e pontuou a importância da denúncia, tanto por parte da vítima quanto de terceiros que presenciam a violência. A Lei Maria da Penha prevê o crime de descumprimento de medida protetiva, e a responsabilização criminal do agressor é crucial.