Casa Pet: protetora transforma vidas de animais abandonados em Teresina

A perda de uma cadela chamada Sky inspirou Raíssa Rocha a dedicar sua vida ao resgate e cuidado de gatos e cachorros abandonados nas ruas

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A perda de uma cadela motivou Raíssa a fundar a Casa Pet, um refúgio para animais abandonados. | Raíssa Morais

A estudante de medicina veterinária Raíssa Rocha sempre teve uma ligação especial com os animais, mas foi a dor da perda e saudade de uma cadela chamada Sky que a inspirou a dedicar sua vida ao resgate e cuidado de animais abandonados em Teresina.

FUNDAÇÃO DA CASA PET

Com recursos próprios e também com a contribuição de voluntários da causa animal, ela fundou a Casa Pet, um refúgio para mais de 160 cães e gatos e um ponto de esperança para muitos outros que ainda vivem sofrendo nas ruas.

Raíssa Rocha fundou a Casa Pet, que abriga mais de 200 animais em Teresina (Foto: Raíssa Morais)

Essa história de amor e cuidado teve início em 2010, quando Raíssa, sensibilizada pela situação dos animais de rua, começou a ajudar protetores independentes em suas ações de resgate. “Eu me preocupava com a situação deles, por não terem onde e como comer. No início, acompanhava o trabalho de alguns protetores de Teresina, mas ainda não fazia a ajuda direta”, explica Raíssa.

Raíssa Rocha em entrevista para a TV Meio (Foto: Raíssa Morais)

ENFRENTANDO O LUTO  

A doença e subsequente eutanásia da cadela Sky, animal de estimação do sobrinho da protetora, foi um ponto de virada. Com carinho, ela lembra da companhia e do comportamento do animal que a todo custo tentava se manter sempre perto dela, no seu colo quando ela chegava do trabalho e acompanhando no dia a dia dentro de casa. “Quando a Sky adoeceu, sua condição neurológica piorou tanto que tivemos que optar pela eutanásia. Isso me afetou psicologicamente”, relembra Raíssa.

Após a perda da cadela, Raíssa enfrentou uma profunda depressão até que um encontro inesperado mudou tudo. “Um dia, com uma quentinha no carro, vi uma cachorrinha se protegendo da chuva. Parei para botar comida para ela e, ao vê-la comer, com olhinhos tristes, algo mudou em mim”, conta. Esse momento a fez ter coragem para iniciar uma nova fase em sua vida. Raíssa começou a alimentar animais de rua diariamente e buscou maneiras de eternizar o amor pela Sky.

A protetora fala sobre sua história de amor e dedicação à causa animal  (Foto: Raíssa Morais)

O sonho de criar a Casa Pet se concretizou em 2020, em um terreno cedido pelo pai de Raíssa. A necessidade de construir o abrigo se fez urgente após casos de maus-tratos na Praça do Mafuá, na zona norte de Teresina. “Alguns moradores de rua começaram a matar gatos e cachorros abandonados lá. Peguei oito gatos doentes e debilitados e os trouxe para a casa no terreno”, relata.

DESAFIOS NA BUSCA DE UM SONHO

Equilibrando os cuidados com os animais e seu curso de medicina veterinária, a protetora conseguiu estabelecer um espaço amplo e organizado para os resgates. A Casa Pet abriga principalmente aqueles que necessitam de cuidados especiais e tratamento médico, pois não é possível abrigar todos os que estão nas ruas. Devido ao crescimento de abandonos em frente ao local, ela evita divulgar a localização do espaço e entra em contato com potenciais tutores de animais através das redes sociais, para visitas ao abrigo.

Animais são tratados e encontram novos lares a partir da Casa Pet (Foto: Raíssa Morais)

“Infelizmente, não divulgamos tanto o endereço da Casa Pet porque os abandonos são frequentes. Recebemos muitos animais debilitados, precisando de tratamento, e não temos ajuda do poder público, só das pessoas que se sensibilizam”, lamenta. Embora existam muitas dificuldades financeiras e logísticas, Raíssa segue firme em sua missão. “Às vezes, falta comida, pedimos ajuda, pedimos doações. Estamos dando um passo de cada vez para melhorar o espaço para os quase 300 animais que convivem aqui”, explica Raíssa.

Entidade fornece tratamento médico, abrigo e comida a animais debilitados em Teresina (Foto: Raíssa Morais)

O trabalho na Casa Pet é recompensador. Para ela, suas energias são recarregadas com o bem-estar dos animais e com as novas famílias que são beneficiadas com a alegria da adoção de um cão ou gato. “É um misto de sensações. Gratidão por salvar vidas e ver a felicidade dos animais. Alguns não gostam muito da situação de estarem acomodados, mas aqui estão protegidos e alimentados. Temos baias amplas, com espaços de sol, sombra, comida, água e medicamentos”, comenta.

AMOR ETERNIZADO 

Raíssa eternizou o amor por Sky através de tatuagens que também homenageiam outro animal marcante em sua vida, a cadela Luly, a primeira especial que resgatou. "Ela chegou toda atrofiada, com apenas um movimento em uma das patas. Tivemos um grande apego, mas ela viveu apenas seis meses. A partir dela, comecei a resgatar outros animais especiais", conta emocionada.

Raíssa Morais mostra tatuagem em homenagem à cadela Lully (Foto: Raíssa Morais)

A adoção de animais é uma prática nobre que traz alegria tanto para os adotantes quanto para os animais resgatados das ruas. No entanto, é fundamental que a adoção seja realizada com responsabilidade para garantir o bem-estar do animal e a segurança do novo lar. A Casa Pet, conforme Raíssa, promove adoções, mas adota critérios rigorosos para assegurar que os animais não voltem a enfrentar situações de risco. 

Cães e gatos são acolhidos na instituição (Foto: Raíssa Morais)

"Muitos animais não são adotados porque exigimos certas condições para evitar que voltem para situações de risco. Fazemos entrevistas e questionários para garantir um lar seguro para eles, pois a gente não quer que eles vivam em situações degradantes ou voltem para as ruas", explica Raíssa.

Cachorro resgatado por Raíssa Rocha (Foto: Raíssa Morais)

O preconceito contra animais doentes e debilitados é uma barreira que muitos enfrentam ao buscar um lar. No entanto, com o cuidado certo e uma dose de amor, esses animais podem viver felizes e saudáveis. A história de Ana Raquel de Souza e a cadela Bia, que tem Leishmaniose, é um exemplo dessa transformação. 

Ana Raquel e sua cadelinha Bia (Foto: Raíssa Morais)

"Vi a Raíssa postando nas redes sociais sobre Bia e me interessei. Fiz o formulário e fui buscar na casa dela. Raíssa me deu todas as instruções de cuidados, acompanhou de perto a adaptação dela. Hoje, Bia está bem, e eu também ajudo alimentando animais de rua onde moro", conta Ana, que conheceu a Casa Pet e decidiu dar uma chance a um animal especial.

Cadelinha Bia foi resgatada e ganhou um lar (Foto: Raíssa Morais)



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