SERÁ MERA COINCIDÊNCIA, O CA?
* Edivam Fonseca Guerra
Nunca votei em Lula, nem o vejo como o melhor Presidente do Brasil, como alardeiam aqueles que teimam em sepultar a era Vargas (o mais socializante dos governos brasileiros) e obscurecem o Governo JK, ícone da industrialização automotiva no Brasil, que resultou na modernização da agroindústria que ainda serve de base da economia nacional.
No entanto, como brasileiro e nordestino que sou, tenho consciência dos avanços sociais do Governo Lula, a despeito da atrofia dos poderes constituídos no que se relaciona, principalmente, às reformas das instituições anacrônicas, que não mais correspondem aos anseios de uma sociedade plural, que não tolera, por exemplo, a escalada gritante da corrupção generalizada, imperante, especialmente, nos diversos setores da Administração Pública dos três níveis de governo.
Agora, a nação brasileira, estarrecida, se dá conta de que Lula, aquele que pretendia perpetuar-se no poder, a exemplo do seu ?hermano? Hugo Chavez, da Venezuela, está acometido de um câncer de laringe, sob tratamento de equipe especializada do Hospital Sírio-Libanês, da capital paulista.
Aqui, vale fazer-se profunda reflexão acerca dos fatos sob comento. Não passa de mera falácia a afirmação setorialmente orquestrada de que o Brasil como um todo, prosperou nestes últimos dez anos, como afirma o bordão: ?Nunca antes na história desse país?, especialmente no tocante a saúde pública. Prova disso é que, os figurões da República, quando acometidos de moléstias neoplásicas jamais procuram um hospital público, mesmo os da polivalente São Paulo capital, pois o Hospital Sírio-Libanês já dispõe de ?suíte cativa? para quem tem o dever legal de fazer valer o art. 5º da CF/88, que diz: ?todos são iguais perante a lei.?
Certo é que, todos os brasileiros, no infortúnio de um CA, como o que vitimou o ex-Vice-Presidente José Alencar, como o que atordoou a atual Presidente e como o que ora atormenta o sonho político de Lula, deveriam ser tratados em hospitais da rede púbica brasileira, porém com a qualidade de um Sírio-Libanês. E isto não é utopia, é um sentimento de brasilidade de quem não compactua com a corrupção que se alimenta do dinheiro, dos sonhos e da esperança do sofrido povo brasileiro.
Quanto ao ditador da Venezuela, hermano, companero e mui amigo do nosso ex-Presidente Lula, sofrer do mesmo mal deste, não parece mera coincidência, vez que se admiram mutuamente, têm as mesmas aspirações e, quem sabe, agora, o mesmo calvário para refletirem com mais humildade acerca dos menos favorecidos, os quais necessitam bem mais do que um Bolsa Família ou similar. Precisam ser tratados com dignidade, inclusive, nos problemas relacionados à saúde, a exemplo do agora paciente Lula.
* Edivam Fonseca Guerra é Advogado, escritor e intransigente defensor da criação do Estado do Gurgueia.
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.