A usina de dessalinização planejada para a Praia do Futuro, em Fortaleza, será relocada para evitar os cabos subterrâneos de internet que passam pela área. A mudança foi confirmada pelo Governo do Ceará na tarde desta segunda-feira (10).
A usina continuará na Praia do Futuro, mas será instalada a mais de 1000 metros do local originalmente previsto. Segundo os responsáveis pelo projeto, isso eliminará qualquer risco de interferência nos cabos subterrâneos de internet. A estrutura de captação de água do mar também será deslocada junto com a usina.
No local inicialmente previsto para a construção da usina, o governo estadual planeja instalar um centro de ensino tecnológico. A localização da usina era alvo de oposição das empresas de telecomunicações, que alegavam que suas estruturas poderiam afetar os cabos e interromper a internet no Brasil.
O Governo do Ceará defende a construção da usina de dessalinização como um mecanismo de combate à seca. Uma vez concluída, a usina converterá água salgada do mar em água potável, ajudando no abastecimento da população.
A Praia do Futuro, onde será construída a usina, é um dos locais mais próximos da Europa no Brasil, recebendo cabos de fibra ótica do continente. Esses cabos seguem para o Rio de Janeiro, São Paulo e outros países da América Latina, sendo responsáveis por 99% do tráfego de dados do Brasil.
Segundo a associação de operadoras TelComp, há o risco de a estrutura da usina, ao captar água no fundo do mar, romper os cabos submarinos. Isso poderia afetar o fornecimento de internet em todo o continente, deixando usuários off-line ou com conexões lentas.
Já a Cagece, empresa estatal do governo cearense responsável pela usina, diz que o projeto "não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro".
LICENÇA PODE SAIR NO MÊS DE JULHO
A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) prevê emitir a licença de instalação para as obras da usina de dessalinização até julho. O projeto foi anunciado pelo Governo do Ceará em 2017, e a ordem de construção foi assinada apenas em julho de 2021, após um edital lançado pela Cagece em agosto daquele ano para estudar a viabilidade do projeto.
EMPRESA DIZ QUE USINA NÃO AFETARÁ CABOS
Segundo a Anatel, o projeto do consórcio SPE para a usina não aborda os riscos e medidas necessárias relacionadas à infraestrutura terrestre e marítima dos cabos submarinos.
“No projeto da SPE são ignoradas as possibilidades de influência, dos dutos marítimos da Usina que despejam (supõe-se, com força e alta pressão) os dejetos em maior concentração de sal ao mar após o processo de dessalinização, no leito marinho", diz trecho de uma nota divulgada pela Anatel no fim de 2023.
A Cagece afirmou que modificou o projeto original para garantir a segurança das empresas de telefonia, afastando a estrutura de captação de água dos cabos. Na versão inicial, as tubulações estavam a cerca de 40 metros dos cabos de fibra ótica. A pedido da Anatel, a distância foi aumentada para 567 metros.