O Brasil começará a produzir em breve testes sorológicos para diagnóstico do coronavírus mais precisos do que os disponíveis. Os novos testes buscam anticorpos contra o flanco mais importante do causador da Covid-19, a proteína S, que agora já é produzida no país em escala.
Se o Sars-CoV-2 tem um calcanhar de Aquiles, este é a proteína S (do inglês spike, espícula). Ela é a chave do Sars-Cov-2 para invadir as células humanas e, também, a sua perdição, alvo de eleição dos anticorpos para atacá-lo. E se há alguém que sabe produzir essa proteína em escala suficiente para testes de diagnóstico específicos e, por isso, mais eficazes, é a cientista Leda Castilho, a chefe do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe/UFRJ e integrante da força-tarefa contra a Covid-19 da UFRJ.
O grupo dela acaba de fazer uma parceria com Bio-Manguinhos/Fiocruz e a empresa FK Biotecnologia-Imunobiotech para a produção de testes sorológicos para a Covid-19. Bio-Manguinhos fará testes rápidos e a FK, os do tipo Elisa. Testes sorológicos identificam se o sangue da pessoa reage com o antígeno (parte do vírus que os anticorpos atacam) do teste. Se reagir, é sinal de que a pessoa já entrou em contato com o vírus.
— Os testes que detectam anticorpos do tipo IgG nos ajudam a entender a disseminação do coronavírus, podem auxiliar no desenvolvimento de vacinas, e orientam as autoridades a decidir com base científica sobre medidas de flexibilização de distanciamento social. São mais baratos e simples que os de PCR e se aplicam aos cerca de 80% dos indivíduos infectados que não apresentam sintomas, mas podem transmitir o vírus — frisa ela.
Os testes sorológicos disponíveis chegam a dar 70% de resultados falsos negativos e o motivo é que não miram o alvo certo. Em sua maioria, não é a proteína S que buscam porque ela é difícil de produzir em larga escala, explica a cientista.