Tema recorrente em setores da sociedade, a saúde mental esteve cercada de tabus e preconceitos ao longo de décadas, mas nos últimos anos ganhou visibilidade e se tornou pauta obrigatória em debates sobre qualidade de vida e bem-estar. Atenta à questão, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) realizou na última quarta-feira, 9, em sua sede em São Paulo, um workshop com a participação do presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, Wagner Gattaz.
Logo no início, o médico apresentou dados alarmantes de um estudo, do qual ele é um dos pesquisadores, realizado com 5 mil pessoas de diferentes situações socioeconômicas, em São Paulo. A pesquisa mostrou que 20% dos indivíduos participantes tinham transtorno de ansiedade, 11% depressão e 4% abusavam de álcool e drogas. O especialista informou ainda que a depressão atinge o cérebro do enfermo, diminuindo consideravelmente sua atividade.
Focado no ambiente corporativo, Gattaz trouxe gráficos comprovando que 2/3 dos custos referentes às doenças psiquiátricas são indiretos, isto é, não ocorrem por conta do tratamento. "Cerca de 40% das pessoas com depressão não sabem que têm a doença, isso acarreta uma série de consultas com especialistas errados por conta de alguns sintomas como indisposição e, consequentemente, haverá custo com exames para investigar essa possível doença física que não existe", pontuou. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram gastos 2,5 trilhões de dólares com doenças mentais em 2010, e esse valor deve chegar em 6 trilhões em 2030.
A boa notícia é que, como já se sabe, depressão tem tratamento e programas de saúde mental costumam dar um retorno rápido. "Após três semanas de tratamento, o indivíduo já é capaz de retornar às atividades normais, voltar ao trabalho, aos estudos e afins", contou Gattaz, que na sequência abordou o Burnout e explicou que a doença é uma versão da depressão causada por questões laborais, que consequentemente acarreta a perda de prazer e produtividade neste e em outros ambientes.