No ano passado, a Apple corria um sério risco com o crescimento da fatia de mercado abocanhada pelo Android: nos Estados Unidos, foram 7 pontos percentuais no primeiro trimestre de 2011. Nos três meses de 2012, no entando, o iPhone somou 43% das vendas de smartphone no país norte-americano e deixou o concorrente, do Google, para trás, de acordo com dados do Nielsen, segundo o Business Insider.
O que pesa na disputa entre as duas plataformas é que se uma delas virar a mais usada massivamente, os desenvolvedores se voltariam para ela, em vez de criar aplicativos para os dois sistemas operacionais - o da Apple e o do Google -, que dividem atualmente o mercado. Nos anos 1980, Macs e PCs tinham fatias semelhantes de market share, mas na década seguinte o Windows se tornou o SO mais usado e os programadores começaram a desenvolver muito mais programas para a Microsoft - o que deixou a Apple em crise. Era esse o risco que o iOS, dos dispositivos móveis de Cupertino, corria no ano passado.
Mas a Apple conseguiu virar os números. O Android ainda é a plataforma mais usada, mantendo no trimestre os 48% de mercado que tinha na última contagem - o mesmo percentual que tem de smartphones em uso, mesmo que comprados antes de 2012. Mas não apresentou crescimento, o que dá à Apple uma vantagem.
Na avaliação do Business Insider, alguns fatores levaram ao triunfo da marca da Maçã nos últimos meses. O primeiro deles é que a Apple ampliou a oferta do iPhone, com a adição das operadoras Verizon e Sprint, em vez de apenas a AT&T. As opções também cresceram com a alternativa de uma versão mais barata do aparelho, o 3GS, o que coloca o iPhone a um preço concorrente com alguns Androids mais baratos.
A chegada do smartphone da Apple a outras grandes redes varejistas americanas, como Walmart, Amazon e Best Buy, também contribuiu para o aumento nas vendas. Além disso, mas não menos importante, a marca de Cupertino conseguiu diminuir seus custos e chegar a um preço de venda que coloca o iPhone no mesmo patamar dos rivais topo de linha - diferente do que acontecia com os Macs, sempre mais caros que os PCs.
Mas antes de entender a corrida dos smartphones como ganha, a Apple precisa se preocupar com sua presença no mercado global, onde tinha 15% de fatia no terceiro trimestre do ano passado, contra 53% do Android. Os números devem ter crescido com as contas de Natal, mas ainda assim o cálculo não deve preencher, no mundo, a diferença entre até o sistema operacional no Google, independente do crescimento nos Estados Unidos. Por outro lado, o mercado americano é importante, e ao menos por lá a Apple está reagindo, com os telefones inteligentes, como quem aprendeu a lição na época dos computadores pessoais.