Empresas tentam convencer os estudantes a estudar tecnologia

a Microsoft está adotando uma abordagem incomum para enfrentar a escassez de formandos em ciência da computação.

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Leandre Nsabi, aluno de quarta série secundária na Rainier Beach High School, em, Seattle, recentemente recebeu um conselho bem prático de um instrutor. "O professor disse que é possível ganhar muito dinheiro na computação", disse Leandre. "E que isso poderia me ajudar no futuro".

O professor em questão, Steven Edouard, sabe bastante sobre o tema. Quando não está dando aulas sobre ciência da computação, o que faz como voluntário quatro vezes por semana, ele trabalha na Microsoft. É um dos 110 engenheiros de empresas de tecnologia que fazem parte de um programa da Microsoft cujo objetivo é atrair alunos de segundo grau para a ciência da computação, o que lhes permitiria seguir carreira no ramo.

Ao fazê-lo, a Microsoft está adotando uma abordagem incomum para enfrentar a escassez de formandos em ciência da computação --uma das questões mais graves para o setor de tecnologia, bem como para a economia norte-americana em geral.

É provável que surjam 150 mil postos de trabalho em computação a cada ano, até 2020, de acordo com uma análise de projeções federais realizada pela Association for Computing Machinery, uma sociedade profissional de pesquisadores da computação. Mas, a despeito do entusiasmo quanto a celebridades da tecnologia como Mark Zuckerberg, do Facebook, menos de 14 mil universitários norte-americanos se graduaram em ciência da computação no ano passado, de acordo com a Computing Research Association. E o mercado de trabalho mais amplo continua fraco.

"As pessoas não conseguem emprego, e temos postos de trabalho não preenchidos", disse Brad Smith, diretor jurídico da Microsoft e responsável pelos esforços filantrópicos da companhia, em entrevista recente.

As grandes empresas de tecnologia se queixam há anos de escassez de talentos técnicos, um problema que elas vêm tentando resolver por meio de lobby pelo afrouxamento das regras de imigração, a fim de acomodar mais engenheiros estrangeiros, e patrocinando competições tecnológicas para encorajar o interesse dos estudantes pelo setor.

O Google, por exemplo, realiza um acampamento de programação a cada verão para alunos que concluíram a oitava série, e patrocina um programa chamado CS4HS, sob o qual professores de segundo grau ganham conhecimento em ciência da computação em oficinas promovidas por universidades locais.

Mas a Microsoft está enviando seu pessoal à linha de frente, encorajando-os a assumir o compromisso de lecionar um curso de ciência da computação para alunos de segundo grau por todo um ano letivo. Os engenheiros da companhia ganham um modesto estipêndio pelo tempo que dedicam às aulas, e dão pelo menos duas aulas de duas horas por semana; em certos casos, o número de aulas chega a cinco.

As escolas organizam as aulas para seu primeiro horário do dia, para evitar interferir demais com a escala dos engenheiros da Microsoft, que muitas vezes só chegam à empresa no final da manhã.

O programa foi iniciado por iniciativa de Kevin Wang, engenheiro da Microsoft que fez mestrado em pedagogia em Harvard. Em 2009, ele começou a dar aulas de ciência da computação como voluntário em uma escola de segundo grau de Seattle, antes de seu horário de trabalho. Depois que os executivos da Microsoft descobriram o que ele estava fazendo, decidiram oferecer assistência financeira ao esforço --conhecido como Educação e Alfabetização Tecnológica na Escola, ou Teals, na sigla em inglês. Wang recebeu autorização de seus superiores para comandar o programa em período integral.

Agora, ele abarca 22 escolas na região de Seattle e se expandiu a mais de 12 outras escolas em Washington, Utah, Dakota do Norte, Califórnia e outros Estados, neste ano letivo. A Microsoft deseja que outras grandes empresas de tecnologia apoiem o esforço, para que ela possa ampliar o número de engenheiros externos envolvidos.

Neste ano, apenas 19 dos 110 engenheiros participantes não são funcionários da Microsoft. Em alguns casos, o programa reuniu voluntários de empresas que dedicam seu tempo a concorrer umas contra as outras no mercado.

"Creio que a educação e trazer mais pessoal para o setor seja algo com que todas as companhias de tecnologia concordam", disse Alissa Caulley, engenheira de software que, em companhia de um voluntário da Microsoft, dá aula de ciência da computação na Woodside High School, em Woodside, Califórnia.

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