Dando continuidade aos estudos sobre o novo coronavírus, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fizeram uma descoberta inédita neste mês: um método que utiliza inteligência artificial para diagnóstico da Covid-19 e, também, de outras doenças virais, como dengue e zika.
Batizada de PoLiVirUS, a plataforma funciona pela comparação entre células infectadas e amostras não infectadas. A inteligência artificial é treinada com um grande conjunto de espectros de amostras, de diagnóstico conhecido, e acaba aprendendo a distinguir umas das outras. Com isso, é capaz de processar os espectros de novas amostras, reconhecendo infecções por diferentes vírus.
O projeto teve início logo que os principais casos de Covid-19 foram registrados no Brasil. Os testes clínicos com amostras de pacientes reais, que começaram há duas semanas, apresentaram precisão de quase 90%.
"É um método rápido, não invasivo e muito preciso, que não requer condições de biossegurança específicas. Ou seja, pode ser utilizado em qualquer laboratório, posto de saúde ou hospital", explicou o professor Juan González, do departamento de Física da UFMG.
Apoio financeiro
Embora a plataforma tenha recebido um aporte de R$ 149 mil da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), por meio do programa emergencial de ações de enfrentamento da pandemia, o valor é insuficiente para a conclusão dos trabalhos.
Segundo destacou González, a equipe envolvida no projeto ganhou mais um integrante, mas precisa se dividir em outros projetos. Por isso, reforçou a importância de receberem mais financiamento, seja do setor público ou da iniciativa privada.
Nesta semana, os pesquisadores fizeram o pedido de patente do trabalho. A partir de agora, a pesquisa passa pelas etapas de aprimoramento, validação e certificação da metodologia. No entanto, o andamento dessas fases depende muito de financiamento, que é "o verdadeiro gargalo", de acordo com o professor.
Vacina contra a Covid-19
Em paralelo à plataforma PoLiVirUS, a UFMG também iniciou um estudo que utiliza a vacina BCG, usada contra a tuberculose, para desenvolver um imunizante contra a Covid-19. O projeto é feito em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Butantan.
Neste momento, a equipe trabalha na clonagem dos genes do vírus para que a bactéria consiga produzi-lo. Os testes em animais devem começar apenas no fim do ano e ainda não há previsão para a testagem em humanos.
Além dessa vacina, a UFMG também trabalha em outra frente, utilizando o vírus influenza. Segundo a universidade, as pesquisas estão dentro do cronograma e a expectativa é que o imunizante fique pronto até o fim de 2021.