Só na primeira metade do ano passado, o Google foi obrigado por autoridades brasileiras a tirar do ar 398 textos jornalísticos. Foi recorde mundial do período e o dobro do segundo da lista, a Líbia.
O dado está no relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgado nesta terça-feira (15) em São Paulo. Além disso, nos dias finais da corrida eleitoral brasileira, os juízes do país emitiram 21 ordens de censura, revela uma pesquisa do Centro Knight para o Jornalismo, do Texas, Estados Unidos.
Carlos Lauria, coordenador do CPJ, que veio ao Brasil apresentar o levantamento Ataques à Imprensa em 2010, comentou os resultados.
Muitas agências de notícias foram também multadas ou tiveram de remover conteúdos.
Ele distribuiu ainda outro texto menor sobre a situação na América Latina, em encontro promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
- Nossos levantamentos apontam 44 jornalistas mortos em serviço e 145 presos, em todo o mundo, no ano passado.
A censura ao jornal O Estado de S. Paulo, hoje em seu 565.º dia, é o destaque de abertura do levantamento sobre o continente.
- É espantoso que, num país como o Brasil, um dos maiores jornais seja proibido de noticiar um grande escândalo, que envolve figuras políticas conhecidas. Não consigo imaginar o The Washington Post sendo proibido de publicar algo sobre um ex-presidente americano.
Lauria vai a Brasília onde se reunirá com autoridades do Planalto, da Secretaria das Comunicações e dos Direitos Humanos. A agenda inclui uma visita ao Supremo Tribunal Federal (STF).