Filhos de pais separados têm um risco 46% maior de ter baixo desempenho escolar. Esse foi o resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Glia com 5.961 crianças e adolescentes de vários locais do Brasil. O dado comprova o quanto a separação pode ser traumatizante em determinada fase da vida dos filhos.
Dependendo de como o assunto é abordado pelos pais, a criança pode adotar um comportamento de ansiedade, isolamento, choro constante e dificuldade no processo de aprendizagem, o que traz como consequência a queda no rendimento escolar. O filho de Elizabete Oliveira, André Oliveira, passou pela situação quando tinha seis anos. ?Ele estava na alfabetização e só tirava boas notas, mas começou a se desinteressar. A professora dizia que ele não estava mais tão participativo e me perguntou se tinha algum problema de saúde?, conta a mãe.
Todos os dias o menino alegava estar com dor de barriga, mas só para ir ao banheiro chorar. Segundo Elizabete, André chegou a ter crises histéricas. Gritava e puxava os cabelos dizendo que queria o pai de volta e não iria mais estudar. ?Eu não sabia o que fazer, chorava junto com ele de tão desesperada?, afirma a mãe.
O problema durou aproximadamente seis meses, até que o menino começou a ser acompanhado pelo psicólogo no colégio. Atualmente, André tem 24 anos e lembra muito pouco dessa época. Para a psicóloga clínica e escolar-educacional, Delite Barros, três fatores influenciam na forma como os filhos vão reagir à separação. ?A faixa-etária, os conflitos presenciados pela criança e o modo como os pais abordam o assunto?, explica Delite.
Para as crianças é difícil entender porque tudo está acontecendo e, por isso torna-se mais traumático. Também não é indicado que os filhos presenciem grandes discussões. ?Nesse caso, é melhor a separação do que um ambiente de conflitos?, orienta a psicóloga.