No Ceará há 25 casos suspeitos de contaminação pela bactéria KPC registrados neste ano, segundo boletim da Secretaria da Saúde do Ceará divulgado nesta sexta-feira (16). A secretaria confirmou também duas mortes por contaminação da bactéria, no Instituto do Câncer do Ceará.
A Secretaria da Saúde informa que já coletou amostra das pessoas com suspeita de contaminação para confirmar ou não os casos. Também nesta sexta-feira a Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde divulgou uma nota técnica com cuidados a pacientes e visitantes para evitar a contaminação pela KPC, também conhecida como superbactéria.
Entre os cuidados, a coordenadoria sugere o isolamento de suspeitos de contaminação, uso racional de antibióticos, práticas de nutrição, lavanderia, esterilização e limpeza hospitalar. A coordenadoria pede ainda que hospitais que constarem a presença da bactéria KPC entrem em contato com a secretaria de saúde por meio do endereço eletrônico ceciss@saude.ce.gov.br.
Nesta sexta-feira, o Ministério Público do Ceará informou que cobrou informações sobre os procedimentos adotados pela Secretaria da Saúde e do Instituto do Câncer do Ceará - onde ocorreram os óbitos - para conter o avanço da infecção pela KPC. A promotora de defesa da saúde pública do Ceará Isabel Porto informou que pode cobrar mais rigor para evitar novas infecções.
O diretor do ICC, Reginaldo Ferreira, diz também que os pacientes não devem temer a situação nem interromper tratamentos contra o câncer na unidade hospitalar. O ICC não divulgou a identidade e data das mortes dos pacientes contaminados pela KPC.
Como surge
"Superbactéria? é um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia resistentes a muitos medicamentos.
Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos. Plasmídeos são fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.
No território nacional, além da KPC, circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase).