A sonda Kepler, da Nasa, partiu neste sábado (7) em busca de planetas similares à Terra, em um lançamento que ocorreu sem problemas e no horário previsto, às 22h49 (0h49 no horário de Brasília).
"O foguete Delta II partiu levando a Kepler em busca de outros planetas como a Terra", disse o controle da missão segundos depois de o foguete iluminar o céu de Cabo Canaveral, na Flórida.
Após entrar em órbita, a cerca de 185 quilômetros da Terra, o foguete ativará novamente seus motores para lançar a nave a outra órbita, desta vez em torno do sol.
A sonda começará sua busca em uma distante região da Via Láctea, para constatar se há planetas rochosos similares à Terra e onde haja água em forma líquida, algo fundamental para qualquer manifestação de atividade biológica.
Segundo Ed Weiler, diretor de missões científicas da Nasa, a missão busca responder a um dos maiores questionamentos da humanidade: há vida em outros lugares ou estamos sozinhos no Universo?
"Não se trata de uma dúvida científica, é uma pergunta humana básica", afirmou.
Após dois meses, a Kepler começará a transmitir informações sobre os chamados exoplanetas que giram em torno de mais de 100 mil estrelas, em uma tarefa que deve durar três anos e meio e que determinará se, efetivamente, existe um corpo rochoso similar à Terra além do sistema solar.
"Olharemos uma ampla variedade de estrelas, desde as pequenas e frias ao redor das que devem circular muito de perto os planetas, até as maiores e mais quentes que nosso sol", disse William Borucki, cientista da Nasa.
"Tudo nessa missão foi preparado para encontrar planetas como a Terra e que tenham o potencial de abrigar vida", assinalou.
"Estamos muito ansiosos para ver o funcionamento desta nave quando chegar ao espaço", disse em coletiva de imprensa James Fanson, diretor do projeto Kepler no Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa.
Censo espacial
Para a missão, o observatório conta com os instrumentos mais poderosos produzidos até agora, como uma câmera de 95 megapixels de resolução.
Segundo cientistas, as observações serão feitas mediante o método de verificar oscilações periódicas na luz emitidas por planetas quando passem em frente a sua estrela
"Detectar planetas do tamanho de Júpiter com esse método é como medir o efeito que um mosquito causa ao passar em frente ao farol de um carro", disse Fanson.
"E encontrar planetas como a Terra, é como achar uma pulga nessa mesma luz", continuou o cientista, em coletiva de imprensa.
A sonda Kepler é um componente "crucial dos esforços da Nasa para encontrar e estudar planetas com características similares às da Terra", assinalou Jon Morse, diretor de astrofísica da agência espacial americana, em Washington.
Segundo o cientista, o censo feito pela Kepler ajudará a compreender a incidência em que existem esses planetas na Via Láctea.