O bilionário americano David Koch , que, junto com seu irmão Charles, ajudou a financiar o movimento conservador americano que fortaleceu a ala de ultradireita do Partido Republicano , morreu nesta sexta-feira, aos 79 anos.
"É com tristeza que eu anunciou o falecimento de meu irmão David", Charles Koch escreveu em um comunicado. "Há 27 anos, David foi diagnosticado com câncer avançado na próstata e recebeu um prognóstico ruim. Ele gostava de dizer que um combinado de excelentes médicos, medicações de primeira linha e sua própria insistência preveniram o avanço do câncer."
O empresário era uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 42,2 bilhões de dólares, além de ser dono de 42% das Indústrias Koch. Em uma disputa familiar, David e Charles compraram a participação de seus outros dois irmãos na empresa fundada por seu pai, transformando a companhia de refino e exploração de petróleo e de atividade pecuária em uma das maiores empresas do mundo.
Charles ainda comanda a empresa, mas David dedicava boa parte do tempo à agenda política, chegando a concorrer como vice-presidente dos EUA pelo Partido Libertário, em 1980, com uma plataforma fortemente oposta à intervenção do Estado na economia.
Seu dinheiro foi um grande fomentador do movimento libertário que ajudou na ascensão do Tea Party — algo que os irmãos rejeitam —, no fortalecimento da ala de extrema direita no Partido Republicano e na eleição de Donald Trump em 2016. Os grupos financiados pelo bilionário americano influenciaram o pensamento de organizações e centros de estudo conservadores brasileiros, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Instituto Mises. Membros do MBL participaram de seminários e atividades realizadas pelo Students For Liberty, instituição que recebe doações da família Koch.
Há anos, os irmãos enfrentam acusações de terem utilizado a causa conservadora para promoção de seus próprios interesses, mas insistem e, que aderiram a uma crença tradicional na liberdade do indivíduo e no livre comércio, nos mercados livres e em liberdade em relação ao que chamavam de “intrusões” do governo, como impostos, regulamentações comerciais, programas de assistência social e leis que criminalizam a homossexualidade e o uso de drogas.
Desde os anos 1970, os irmãos Koch já gastaram ao menos US$ 100 milhões — valor que, segundo algumas estimativas, pode ser bem maior — para catapultar o então pequeno movimento conservador radical americano. Eles foram pioneiros nas táticas de uso de "dark money", mascarando a fonte de doações políticas e interesses por trás de movimentos aparentemente espontâneos. Suas contribuições ajudaram a mover os EUA para a direita, influenciando o resultado de eleições, acabando com limites para doações de campanha e promovendo candidatos, regras e centros de estudo conservadores.
Apesar de rejeitarem terem feito parte do impulsionamento do Tea Party, os irmãos reconheceram seu papel na fundação e no financiamento do Americans for Prosperity, que especialistas afirmam ter fornecido apoio logístico para o movimento de extrema direita e para outras organizações que promovem apoio a causas conservadoras. Causas como corte tributários, combate à imigração irregular, regras ambientais e trabalhistas mais frouxas, o apoio à indústria bélica e o questionamento das mudanças climáticas estão entre as causas defendidas por empresas financiadas pelos irmãos.
Morador de Nova York, Koch tornou-se um benfeitor das artes, apoiando companhias de balé e de ópera. Ele havia se afastado das Indústrias Koch por motivos de saúde no ano passado.