Em parceria com a ONG francesa La Chaine de L’Espoir (“A Corrente da Esperança”, em tradução livre), o médico pernambucano Rui Ferreira, de 70 anos, já realizou 74 missões ao redor do mundo.
As viagens começaram em 2004 e, desde então, o cirurgião participou de mutirões no Egito, México, Colômbia, Vietnã, Líbano e Jordânia. Nos mutirões, ele faz cirurgias reparadoras em crianças e adolescentes com deformidades nas mãos e em outros membros.
Ele conta que no Egito são comuns casos de deformidades causadas por partos mal conduzidos: “O parto é feito de qualquer jeito quando eles descobrem que o filho é uma menina. A mulher não tem nenhuma importância para a cultura deles.” “E quatro dos meus cinco filhos são mulheres”. A Colômbia já recebeu 25 missões. “É o país com maior quantidade de deformidade congênita das mãos no mundo, por causa do veneno usado para combater a plantação de coca”, explica.
Nascido em Sertânia, a mais de 300 quilômetros do Recife, o cirurgião tentou ser militar. Ele foi aprovado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), mas não se adaptou à carreira: “Foi um choque”, lembra. Ferreira depois optou por economia, quando ganhou uma bolsa para estudar na então Thecolosváquia. Porém, no dia da viagem, uma enchente inundou o Recife e o fez perder o voo.
A medicina surgiu na sua vida meio por acaso. Enquanto passava férias em Caruarau, no agreste pernambucano, ele começou a ajudar alguns amigos que fariam vestibular. Nessa época, ele se apaixonou por uma moça de uma família bem mais rica do que a dele. “Todo mundo me dizia: a mãe dela só deixa namorar se for estudar medicina”, lembra. E foi assim que Ferreira se tornou médico, por amor.