A exumação do corpo do dirigente palestino Yasser Arafat, prevista para segunda-feira (26) em Ramallah com a presença de juízes franceses que investigam as causas de sua morte, em 2004, é "uma prova dolorosa, mas necessária", declarou nesta quinta-feira (22) sua viúva Souha.
"É muito doloroso e não é fácil nem para mim, nem para a minha filha", declarou à AFP por telefone Souha Arafat, que vive em Malta e cuja ação judicial perante a justiça francesa motivou a abertura de uma investigação sobre a morte do líder palestino.
"Mas é preciso saber a verdade, é necessário para nosso povo, para as famílias dos mártires de Gaza", acrescentou. "É preciso fazer isso para virar a página deste grande segredo que envolve sua morte, se houve crime ele tem que ser descoberto", acrescentou.
"Procedendo a esta exumação, ressuscitaremos sua memória. Não é degradante, é por sua memória", insistiu Souha Arafat, acrescentando que respeita "o ponto de vista da outra parte da família" que se opõe à exumação, em especial o sobrinho do líder falecido, Naser al-Qidwa, presidente da fundação Yasser Arafat.
Al-Qidwa lamentou "uma profanação". "Não sairá nada bom de tudo isso, isto não fará nada bem aos palestinos", declarou à AFP.
Segundo Qidwa, que há anos repete que Arafat morreu envenenado por Israel, "a conclusão final já é conhecida".
A exumação dos restos mortais de Arafat, enterrado na Muqataa, presidência da Autoridade Palestina na Cisjordânia, está prevista para segunda-feira, com a presença de especialistas russos e suíços.
Serão tomadas amostras do corpo de Arafat para elucidar as causas precisas de sua morte.
A tese de envenenamento voltou a ganhar destaque após a divulgação, em julho, de um documentário da Al-Jazeera que revelou a presença de quantidades anormais de polônio, uma substância radioativa altamente tóxica, em amostras biológicas extraídas dos objetos pessoais do líder falecido.