Mohammed Qataa estava trabalhando na frente de sua casa, na cidade síria de Aleppo, quando resolveu fazer uma brincadeira. Mas para o jovem de apenas 14 anos, aquela sua atitude de criança lhe custaria a vida.
No dia 8 de junho passado, o menino servia café para pessoas na rua quando um grupo de três homens, provavelmente estrangeiros, lhe pediram para tomar a bebida sem pagar nada. Qataa não aceitou.
? [Não faria isso] nem se Maomé estivesse aqui.
Para os três homens ali sentados, estrangeiros, que falavam um árabe em dialeto diferente e que estavam na Síria para lutar ao lado dos rebeldes, citar o nome do profeta da religião islâmica soou como ?blasfêmia?. Por causa disso, eles mataram o menino. Foram três tiros.
A piada e morte de Qataa causaram polêmica e revolta em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria e palco de sangrentos combates entre o Exército sírio e as forças rebeldes ? que lutam há mais de dois anos para derrubar o presidente Bashar al Assad do poder.
A execução do menino levanta temores sobre a radicalização dos rebeldes sírios, cada vez mais influenciados e ajudados por diversos grupos radicais islâmicos de várias partes do Oriente Médio.
O filho morto
ara a família de Qataa, no entanto, a imagem que fica é a do filho morto da frente de casa.
Em entrevista ao diário britânico The Telegraph, a mãe do adolescente, Nadia Umm Fuad, relatou como viu e ouviu a morte de Qataa.
? Eu vi os rebeldes executarem meu menino por não mais que uma piada.
Nadia estava no andar superior de sua casa quando ouviu a gritaria vinda da rua. Ela chamou o pai do garoto e correu para fora de casa.
? Eu estava nas escandas quanto ouvi o primeiro tiro. Estava na porta de entrada quando ouvi o segundo tiro. (...) Eu vi o segundo tiro.
Em prantos diante do filho baleado, Nadia conta que clamou pela morte do filho.
? ?Vocês estão matando uma criança?[, eu disse]. Mas eles apenas me lançaram um olhar sujo e entraram no carro. Antes de ir, eles ainda passaram em cima do braço do meu filho, enquanto ele morria deitado no chão.
A morte do adolescente foi condenado dentro e fora do país. Segundo o Telegraph, Qataa se tornou um símbolo do medo que muitos sírios sentem com relação ao futuro do país, já que o país segue sem rumo e pode cair nas mãos de grupos radicais.