Tribunal da Coreia do Sul mantém impeachment e destitui presidente Yoon Suk Yeol

A medida ocorreu após a imposição temporária da Lei Marcial no ano passado

Tribunal Constitucional confirma impeachment de Yoon Suk Yeol | Reuters Tribunal Constitucional confirma impeachment de Yoon Suk Yeol | Foto: Reuters
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O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul confirmou, nesta sexta-feira (4), a destituição do presidente Yoon Suk Yeol, mantendo a decisão do parlamento de aprovar seu impeachment. A medida ocorreu após a imposição temporária da Lei Marcial no ano passado, fato que desencadeou uma das crises políticas mais graves do país nas últimas décadas. Com informações da CNN.

O QUE ACONTECE AGORA?

Com a decisão do tribunal, Yoon perde formalmente o cargo, encerrando um processo que teve início em dezembro, quando o parlamento aprovou seu afastamento. A decisão trouxe alívio para legisladores que temiam uma nova tentativa de imposição da Lei Marcial caso o presidente fosse reconduzido ao posto.

Em um julgamento separado, Yoon foi preso em janeiro sob a acusação de liderar uma insurreição. No entanto, foi solto em março, após um tribunal revogar seu mandado de prisão, embora as acusações contra ele continuem pendentes.

O veredito foi unânime entre os oito juízes do Tribunal Constitucional. A decisão gerou reações divergentes: enquanto opositores comemoraram, apoiadores do ex-presidente realizaram protestos.

A destituição de Yoon polarizou a opinião pública, levando milhares de pessoas às ruas em manifestações favoráveis e contrárias ao impeachment. Como medida preventiva, a segurança foi reforçada na capital, com instalação de barreiras e postos de controle para evitar tumultos.

O episódio representa uma reviravolta para Yoon, que anteriormente se destacou como promotor no caso de impeachment da ex-presidente Park Geun-hye. Agora, ele se torna o segundo líder do país a ser destituído pelo Tribunal Constitucional.

Consequências políticas

A crise política na Coreia do Sul ocorre em um momento de tensão global, deixando uma das principais economias do mundo sem liderança definida. Segundo a legislação sul-coreana, uma nova eleição presidencial deverá ser realizada dentro de 60 dias.

Entre os possíveis candidatos para a sucessão está Lee Jae-myung, líder da oposição e ex-advogado, que perdeu para Yoon na disputa presidencial de 2022.

Enquanto isso, Yoon ainda enfrenta processos judiciais, incluindo o julgamento por insurreição, uma das poucas acusações criminais para as quais um presidente não possui imunidade. Se condenado, ele poderá receber pena de prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte, embora a Coreia do Sul não execute prisioneiros há décadas.

Acusações e defesa

A promotoria alega que Yoon teria imposto a Lei Marcial ao enviar tropas ao parlamento, com o objetivo de fechar a Assembleia Nacional e deter parlamentares e autoridades eleitorais. Testemunhos de comandantes militares indicam que ordens foram dadas para "arrastar" legisladores do local.

Yoon defendeu sua ação, afirmando que a medida foi necessária diante do impasse político e de ameaças de "forças antiestatais" supostamente alinhadas à Coreia do Norte. Segundo ele, a Lei Marcial seria temporária e poderia ser suspensa pelo parlamento.

No entanto, a intervenção durou apenas seis horas, pois os parlamentares conseguiram ingressar no plenário e votaram pela revogação imediata do decreto. Esse desdobramento levou ao agravamento da crise, resultando em quatro meses de instabilidade política e culminando no afastamento de Yoon e do primeiro-ministro, que atuava como presidente interino.

Trajetória política de Yoon

Antes de ser eleito presidente em 2022, Yoon construiu sua carreira como promotor, sendo um dos principais nomes da investigação que levou ao impeachment da ex-presidente Park Geun-hye. Ela foi destituída em 2017 e condenada por corrupção e abuso de poder no ano seguinte.

A queda de Yoon representa um revés para um líder que já foi considerado um aliado estratégico de Washington. Durante um jantar de Estado na Casa Branca em 2023, ele foi homenageado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, chegando a cantar "American Pie", de Don McLean, para os convidados.

Seu governo, no entanto, foi marcado por tensões com a oposição, que conquistou maioria no parlamento e bloqueou diversas de suas iniciativas. Esse impasse político foi um dos argumentos utilizados por Yoon para justificar sua tentativa de decretar a Lei Marcial, medida que acabou selando seu destino político.

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