Os ministros das Finanças da União Europeia tentaram ampliar os esforços para conter a crise de dívida da região nesta terça-feira (8), e os trabalhadores do setor público espanhol protestaram sobre os cortes do governo.
Os sindicatos da Espanha disseram que cerca de 75% dos 2,3 milhões de funcionários públicos do país cruzaram os braços para protestar contra cortes que diminuirão os salários em 5% neste ano, congelando-os neste nível em 2011.
O euro tinha um pequeno alívio, mas os mercados financeiros mantinham os governos da região sob intensa pressão por medidas de controle de dívida. O prêmio que os investidores exigem para ter bônus soberanos subia para a França e a Itália e atingia máximas recordes para a Espanha.
"Há uma incerteza no mercado devido à incerteza sobre a política fiscal. O remédio precisa ser uma política fiscal responsável", disse o ministro das Finanças da Suécia, Anders Borg.
"Os países que contribuíram mais para essa incerteza devem ser os mais ambiciosos em resolver esses problemas e, provavelmente, serão Espanha e Portugal."
Espanha e Portugal, que lutam para dissipar preocupações do mercado com a possibilidade de sofrerem uma crise de dívida como a da Grécia, anunciaram mais medidas de austeridade em maio em troca da proteção de um plano europeu de ajuda.
Ministros das Finanças dos 16 países da zona do euro se reuniram na tarde de segunda-feira para finalizar os aspectos operacionais do plano que, segundo eles, pode permitir o acesso a até US$ 750 bilhões se necessário para resgatar economias em dificuldades.
Nesta terça-feira, juntaram-se a eles os ministros dos 27 países restantes da União Europeia, para discutir as medidas de austeridade adicionais não somente na Espanha e em Portugal, mas também em países menos endividados, como a Alemanha.
Os ministros também estavam prestes a conceder à agência de estatísticas da UE mais poder para verificar relatórios de orçamentos nacionais, após anos de números grosseiramente abrandados pela Grécia --raiz da crise atual.
A greve de um dia e os protestos na Espanha servem como um teste aos planos do governo de cortar mais 15 bilhões de euros do orçamento neste ano e no próximo, tentando reduzir o déficit de 11,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 para 9,3% em 2010 e 6% em 2011.
Números oficiais dos participantes da greve devem ser divulgados mais tarde nesta terça-feira, um dia antes do governo apresentar uma proposta de reforma trabalhista a sindicatos e empresas.
Enquanto migra para uma moderação maior nos gastos, a Europa ganhou palavras de apoio dos chefes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, e do Federal Reserve, Ben Bernanke.
Bernanke disse que o pacote de estabilização do euro é "bastante dinheiro" e é suficiente para proteger Grécia, Portugal e Espanha dos voláteis mercados de crédito por muitos anos, mesmo se eles demorarem para mostrar tranquilidade.
"A liderança europeia está fortemente comprometida em fazer o que for preciso para preservar o euro, preservar a zona do euro, preservar o projeto europeu e evitar problemas financeiros", disse Bernanke.
Fora da zona do euro, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que a escala dos problemas de dívida na Grã-Bretanha é ainda maior do que ele imaginava, e que a Grécia é um alerta sobre os danos que a perda de credibilidade pode produzir.
O novo governo de centro-direita da Hungria, também fora da zona do euro, revelou planos fiscais após alarmar os mercados na semana passada ao sugerir que o país pode enfrentar uma crise como a grega.