Tiroteio mata 51 partidários de Morsi no Egito

Exército atacou partidários do deposto presidente Morsi, e 51 morreram.

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Os militares egípcios abriram fogo contra partidários do presidente deposto, Mohamed Morsi, e membros do grupo islamita Irmandade Muçulmana, matando ao menos 51 pessoas nesta segunda-feira (8), segundo os serviços de emergência do Cairo.

Os partidários organizavam uma manifestação pacífica perto do quartel general da Guarda Republicana, num subúrbio do Cairo, onde acreditam que Morsi está detido, quando foram atingidos por tiros.

Mohammed Zanaty, médico de um hospital de campanha improvisado, onde muitas das vítimas foram levadas, disse que mais de 300 pessoas ficaram feridas, segundo a agência de notícias Associated Press.

O Exército egípcio, em contrapartida, disse que "um grupo terrorista" tentou invadir o prédio. Um oficial do Exército foi morto e 40 ficaram feridos, segundo os militares.

Murad Ali, da Irmandade Muçulmana, disse que o tiroteio começou no início da manhã, enquanto os islamitas organizavam uma manifestação pacífica fora do quartel da Guarda Republicana, informou a agência de notícias Reuters.

"Nova Síria"

O líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, disse que o chefe do exército do Egito quer levar o país a ter "o mesmo destino que a Síria", e responsabilizou o general Abdel Fattah al-Sisi pelas mortes..

A Irmandade Muçulmana pediu também aos egípcios que se levantem contra aqueles que "querem roubar" a revolução, cinco dias após o golpe militar que derrubou Morsi e prometeu uma transição até novas eleições, ainda não marcadas.

"(O Partido Liberdade e Justiça) apela ao povo egípcio a se levantar contra aqueles que querem roubar sua revolução com tanques e veículos blindados, mesmo sobre os corpos das pessoas", disse um comunicado na página Facebook do partido.

Os militares derrubaram Morsi na última quarta-feira (3) depois de manifestações em massa em todo o país lideradas por jovens ativistas que exigiam a sua demissão. A Irmandade denunciou a intervenção como um golpe de Estado e prometeu resistência pacífica contra as "autoridades usurpadoras".

O partido Nour islâmico ultra-conservador, que apoiou a ação militar, disse que tinha retirado das negociações para formar um novo governo interino, em protesto contra o que chamou de "massacre da Guarda Republicana", segundo a Reuters.

"Nós anunciamos nossa retirada de todas as faixas de negociações, como primeira resposta," disse Nader Bakar, porta-voz do segundo maior partido islâmico do Egito, no Facebook.

Investigação

O presidente interino do Egito, Adli Mansour, disse que vai investigar o incidente. Ele afirmou que o QG da Guarda Republicana foi atacado e pediu que os manifestantes evitem se aproximar de "pontos vitais" para a segurança do país.

Esquerda pede novo governo

O principal líder político de esquerda do Egito, Hamdeen Sabahi, fez um apelo nesta segunda para que um governo interino seja formado imediatamente para preencher um vácuo político perigoso, após confrontos entre o Exército e partidários da Irmandade Muçulmana deixaram ao menos 42 mortos.

Sabahi, líder do partido Corrente Popular, disse à Reuters que as novas autoridades que assumiram quando o Exército depôs o presidente islamista Mohamed Morsi na semana passada em resposta a protestos não podem esperar.

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