O ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, deslocou forças de segurança para a fronteira oeste do país nesta terça-feira (1º), apesar da crescente pressão econômica e militar do Ocidente contra o seu regime. Os protestos contra o coronel, no poder desde 1969, já deixou centenas de mortos no país, 12º maior produtor de petróleo do mundo.
Relatos de antigos aliados e discursos fazem acreditar que Kadhafi não vá ceder ao grande número de forças agora unidas contra ele. Na véspera, em entrevista a uma TV dos EUA e à BBC, ele riu quando questionado se deixaria o poder.
Pouco menos de 12 horas depois que os Estados Unidos anunciaram estar enviando navios de guerra e forças aéreas para perto da fronteira da Líbia, no norte da África, as forças líbias reforçaram sua presença na remota localidade de Dehiba, na fronteira com a Tunísia, nesta terça-feira, e decoraram o posto de passagem com as bandeiras verdes do país.
Repórteres que estão no lado tunisiano viram veículos do Exército da Líbia e soldados armados com fuzis Kalashnikov.
No dia anterior, não havia presença militar líbia nesse posto fronteiriço.
Na mesma entrevista, Kadhafi minimizou a extensão da revolta contra seu governo e o fato de ele ter perdido o controle do leste da Líbia.
Crise humanitária
Enquando isso, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) relatou que a situação na fronteira entre Líbia e Tunísia atingiu um nível de "crítico" depois da passagem de entre 70 mil e 75 mil pessoas que fugiram da repressão do regime líbio desde 20 de fevereiro.
"Nossas equipes na fronteira entre Líbia e Tunísia nos explicaram esta manhã que a situação na região alcançou um nível crítico", afirmou a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming.
"Muitas pessoas esperam ser levadas o mais rápido possível (para fora da Tunísia), enquanto nós esperamos que entre 10 mil e 15 mil pessoas cheguem hoje procedentes da Líbia", acrescentou Fleming.