O missionário espanhol Miguel Pajares, o primeiro europeu infectado pela epidemia de ebola que já matou mais de mil pessoas na África Ocidental, morreu em um hospital de Madri, informaram as autoridades de saúde da cidade espanhola nesta terça-feira (12).
"Ele morreu às 9h28 (4h28 de Brasília)", afirmou um porta-voz do hospital La Paz-Juan Carlos III.
Pajares, de 75 anos, contraiu a doença no hospital Saint Joseph de Monróvia, onde trabalhava na Libéria para uma organização governamental. Ele foi levado para a Espanha no dia 7 de agosto, se tornando a primeira pessoa a ser tratada da doença na Europa.
Esta é a quarta morte nos últimos 10 dias de um funcionário do hospital Saint Joseph da capital da Libéria, vinculado à ordem religiosa de São João de Deus e fechado pelas liberianas desde 1 de agosto.
Pajares chegou muito debilitado à Espanha na última quinta-feira, em um avião militar, com a freira Juliana Bonoha, também espanhola, que não tem o vírus.
O religioso, internado sob fortes medidas de segurança sanitária, havia pedido que a evolução de seu estado de saúde não fosse divulgada.
O Ministério da Saúde disse que ele estava sendo tratado com o medicamento experimental ZMapp, fabricado pela companhia norte-americana Mapp Biopharmaceutical. Dois trabalhadores humanitários norte-americanos infectados pela doença têm mostrado alguns sinais de melhora desde que receberam o medicamento.
O número de mortos infectados pelo vírus Ebola foi a 1.013, segundo último balanço divulgado nesta segunda-feira (11) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O número de casos registrados foi a 1.848, de acordo com o organismo.
Mais 50 mortes e 69 novos casos foram contabilizados entre quinta-feira (7) e sábado (9), diz a OMS.
Segundo o balanço, 11 novos casos e sete mortes foram registrados na Guiné, 45 novos casos e 29 mortes na Libéria, assim como 13 novos casos e um óbito em Serra Leoa. Nenhum caso foi registrado no período na Nigéria, o quarto país afetado pelo vírus.
OMS libera remédio experimental contra o ebola
O Comitê de Ética da Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou em uma reunião na segunda-feira (11) o uso de tratamentos não homologados para lutar contra a febre hemorrágica do ebola, segundo um comunicado divulgado nesta terça-feira (12).
"Diante das circunstâncias da epidemia e sob certas condições, o comitê concluiu que é ético oferecer tratamentos - cuja eficácia ainda não foi demonstrada, assim como os efeitos colaterais - como potencial tratamento ou de caráter preventivo", afirma a nota da OMS.
Até o momento não existe nenhum tratamento de cura ou vacina contra o ebola, epidemia que levou a OMS a decretar uma emergência de saúde pública mundial.
Mas o uso do medicamento experimental ZMapp em dois americanos e um padre espanhol - que faleceu nesta terça-feira em Madri - infectados com o vírus quando trabalhavam na África provocou um intenso debate ético.
O medicamento, do qual existe pouca quantidade, parece apresentar resultados promissores nos dois americanos, mas o religioso espanhol morreu nesta terça-feira em um hospital de Madri.
A empresa americana Mapp Biopharmaceutical, que produz o medicamento, informou na segunda-feira que enviou o estoque para o oeste da África.
Médicos de todo o mundo participaram nos debates da OMS na segunda-feira em Genebra.
O comitê condicionou o uso dos tratamentos a uma "transparência absoluta sobre os cuidados, a um consentimento informado, à liberdade de escolha, à confidencialidade, ao respeito das pessoas e a preservação da dignidade e a implicação das comunidades".
Também estabeleceu 'a obrigação moral de obter e compartilhar as informações sobre segurança e eficácia das intervenções', que devem ser objeto de avaliação constante.
O número de mortes provocadas pelo vírus ebola superou a barreira de mil, com 1.013 óbitos e 1.848 casos registrados, segundo o balanço mais recente da OMS, que não conta com a morte do missionário espanhol.