Uma mulher que foi resgatada com vida do prédio que desabou em Savar, perto da capital Daca, em Bangladesh, teve a perna direita amputada. O desabamento do prédio que abrigava fábricas de confecções deixou mais de mil mortos.
O Rana Plaza, um edifício de nove andares que abrigava cinco ateliês de confecção, desmoronou no dia 24 de abril, um dia depois da advertência de operários sobre enormes rachaduras nas paredes. Mais de 3 mil pessoas estavam trabalhando.
Bangladesh é o segundo produtor de roupas do mundo graças aos baixos salários e à abundante mão-de-obra. Este setor chave da economia, que gera US$ 29 bilhões por ano, representou no ano passado 80% das exportações do país.
Mas há anos as ONGs denunciam as péssimas condições de trabalho e as normas de segurança nesta indústria, o que levou marcas internacionais de roupas a ameaçarem deixar de comprar no país se o governo não melhorar a segurança urgentemente.
Os incêndios costumam ser frequentes nos 4.500 ateliês de confecção de Bangladesh, situados na maioria das vezes em edifícios antigos ou de construção defeituosa e dotados com uma rede elétrica precária.
Em novembro de 2012, 111 pessoas morreram em um incêndio em uma empresa têxtil.
A Clean Clothes Campaign, uma associação de defesa dos trabalhadores do setor têxtil, cuja sede se encontra em Amsterdã, afirma que mais de 700 empregados da confecção morreram em incêndios no país desde 2006.
Bangladesh anunciou na quarta-feira o fechamento de 18 fábricas têxteis em Daca e Chittagong, a segunda cidade do país, depois de se comprometer com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a tomar medidas imediatas para reforçar a segurança nas fábricas após o drama do Rana Plaza.
As marcas ocidentais criticaram as condições de trabalho dos operários, mas seguem comprando, provocando críticas pelo duplo discurso que consiste, por fim, em fechar os olhos aos "ateliês da miséria".
Um grupo de especialistas da ONU convocou na quarta-feira as grandes marcas internacionais de roupas a não saírem de Bangladesh, mas a trabalharem em colaboração com o governo, com as organizações internacionais e com a sociedade civil para melhorar as condições de trabalho.
O balanço da pior catástrofe industrial da história de Bangladesh alcançou nesta sexta-feira os 1.041 mortos. Os operários dotados de "guindastes, tratores e escavadeiras" retiraram na quinta-feira 130 corpos em decomposição.