Muçulmanos acordados por causa do período do Ramadã podem ter sido heróis que ajudaram a salvar vidas durante o terrível incêndio que destruiu o prédio Grenfell Tower, em Londres, na noite desta terça-feira. 12 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas.
Moradores que conseguiram fugir das chamas disseram que não ouviram os alarmes quando o fogo atingiu o local. Em vez disso, foram alertados por vizinhos muçulmanos, que levantaram mais cedo por causa do ritual religioso e notaram que algo estava errado.
O incêndio começou pouco depois da meia-noite no horário local, quando muitas pessoas já dormiam. Em entrevista ao jornal The Independent, Andre Barroso, de 33 anos, falou sobre como foi alertado.
"Os muçulmanos desempenharam um papel importante para tirar muitas pessoas de lá. A maioria das pessoas que eu podia ver no resgate era muçulmana. Eles também forneceram roupas e comidas", contou.
De acordo com o morador, muitas pessoas ainda procuram por amigos e parentes que viviam no edifício. Desde o incêndio, a ajuda tem sido grande. Diversas doações de água, comida e roupas foram feitas em uma igreja local para ajudar quem ainda aguarda por mais informações.
"Todo mundo estava preso. Foi maravilhoso ver todos se juntarem", completou Barroso.
Uma associação de moradores já tinha alertado sobre as más condições de segurança do bloco de apartamentos Torre Grenfell.
No blog do Grupo de Ação de Grenfell, que é responsável pela proteção oficial dos edifícios e os serviços públicos do bairro de Kensington e Chelsea, afirma hoje que "todas" suas "advertências caíram em ouvidos surdos".
A polícia confirmou 12 mortes até o momento e diz que o número deve aumentar, pois não há mais esperança de se encontar sobreviventes. Embora tenham cogitado mais cedo, os bombeiros descartaram o risco de desabamento. O edifício, construído em 1974, em North Kensigton, fica a 2,7 km da residência do príncipe Willian e da sua mulher, Kate Middleton.
78 estão internados em seis hospitais, sendo que 18 estão em estado grave. O incêndio é um dos maiores registrados em Londres. "Nunca vi nada parecido com esse incêndio em 29 anos de trabalho", declarou o chefe da Brigada de Incêndio de Londres, Dany Cotton.
Testemunhas relataram que crianças foram jogadas das janelas da Grenfell Tower e várias pessoas se atiraram do edifício, em uma tentativa desesperada de fugir das chamas. "Há muitos corpos de crianças e adultos no chão, há muita gente que não conseguiu escapar", contou uma delas à emissora americana CNN.
Outras gritavam pedindo ajuda para que seus filhos fossem resgatados. Os bombeiros também buscam sobreviventes. Um morador do 7º andar disse à BBC que o alarme de incêndio não tocou.
Cerca de 200 bombeiros, a polícia e os serviços de ambulâncias foram mobilizados. Por volta de 5h, as chamas foram controladas, mas ainda era possível ver focos de incêndio em alguns andares mais altos.
Os bombeiros foram chamados por volta da 1h15 local (21h15 de terça, em Brasília) para apagar o incêndio no edifício. Dezenas de pessoas, moradores ou não do edifício, saíram às ruas, muitos apenas de pijama.
Como parte da estrutura foi consumida pelo fogo e os bombeiros chegaram a cogitar o risco de colapso, a polícia esvaziou residências vizinhas.
ALERTAS ANTES DA TRAGÉDIA
Ele foi alertado do incêndio não pelo alarme, mas por pessoas que gritavam da rua: "não pule, não pule!".
Investigação
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que questões precisarão ser respondidas sobre a segurança de prédios residenciais da capital britânica.
Alguns moradores disseram ter sido orientados a continuar em seus apartamentos em caso de incêndio, enquanto a associação de moradores do prédio havia dito anteriormente estar preocupada com o risco de um grave incêndio.